Cotidiano em prosa e verso

Cabecalho Blog

Mar de Histórias nasceu da junção de dois blogues que mantive ao longo de um ano: Estação de Sonho, onde publicava contos e poemas; e Bala no Alvo, usado para registrar crônicas do cotidiano e algumas outras coisinhas que me surpreendem na nossa trajetória pela vida. Na época em que criei os dois, acreditava que a literatura não poderia ser misturada às crônicas jornalísticas, reflexões pessoais ou indignação de cidadã. Com o passar do tempo, com o amadurecimento no ofício, ou na arte, de blogueira, percebi que a vida diária é rica em poesia e o cotidiano miudinho, cheio daquela literatura que extrapola os livros. Aliás, é da vida que os autores tiram os elementos que fazem a riqueza das suas obras e o nosso deleite. Na minha vida, a literatura entrou cedo, porque tive a sorte de crescer ouvindo histórias passadas de geração à geração. Desde criança, tinha fome de livros. Como não poderia deixar de ser, de tanto absorver palavras, impregnada dos sentimentos que elas provocam, precisei colocá-las para fora, dividir, compartilhar. De tanto ouvir histórias, comecei a contar histórias ao meu filho. De tanto ler poemas, quis também compor meus próprios versos. Um dia, lendo Haroun e o Mar de Histórias, de Salman Rushdie, encontrei “o mar dos fios das histórias”, que nasce de uma “fonte inesgotável de ideias”. Do borbulhar das ondas do Mar de Histórias nasceu este blog, que se pretende definitivo, ou “infinito enquanto durar”. Divido com quem tiver curiosidade, paciência, interesse e sensibilidade, o meu olhar sobre o mundo, seja ele tão restrito quanto minha vizinhança, ou vasto e sem fronteiras como o oceano.

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ATUALIZAÇÃO EM 06/04/2022

Relendo esse texto que escrevi para a apresentação do blog, lá nos idos de 2008/2009, quando o Mar de Histórias foi criado, percebo que hoje, em 2022, eu jamais teria criado um blog com o nome de Bala no Alvo (embora esse seja o nome do cavalo fofinho do Cowboy Woody em Toy Store). Nos últimos anos, qualquer coisa relacionada a balas, tiros, bancada da bala (deputados que defendem a liberação das armas),  é entristecedor e amargo em um país como o Brasil, onde tantos jovens são perdidos para a violência ano após ano. Quando pensei em Bala no Alvo, para o meu antigo blog, era como uma metáfora para a assertividade, a precisão em acertar o xis de uma questão. Mas, mais velha e experiente do que quando comecei a escrever na internet, nem essa assertividade toda me atrai, ultimamente. A vida é inconstância, tenho aprendido ao longo dos anos, e mesmo nossa forma de abordar determinados assuntos, precisa ter algum espaço de manobra, manejabilidade, capacidade de se expandir e abarcar os conhecimentos novos que adquirimos desde quando postamos um texto pela primeira vez, a lucidez de rever conceitos, de aprofundar as experiências, a honestidade – e o direito – de mudar de ideia quando a antiga não era bacana. Somos work in progress até a morte…

Um pensamento sobre “Cotidiano em prosa e verso

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