Começo promissor de férias: Fantastic Mr. Fox

Felicity, a Dona Raposa, é dublada por Meryl Streep. E o Senhor Raposo, chamado Raposão pelos amigos, tem a voz do George Clooney.

Comecei as férias indo ao cinema, nada mau! O filme da vez, em companhia do intrépido “Snaky” Theu: O Fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson, inspirado em livro homônimo do genial Roald Dahl, um dos meus queridos e amados autores infanto-juvenis. Li o livro há alguns meses, para fazer uma reportagem sobre a obra de Dahl, que até republiquei aqui no blog. Já havia devorado com prazer indescritível diversas outras obras do autor (abençoadas para todo o sempre sejam as estantes do quarto da Lady Giraffa!). Também já assisti outras adaptações: as duas versões de A Fantástica Fábrica de Chocolate (tenho nostalgia pela de 1971 e acho a de Tim Burton divertidíssima e bem mais fiel ao livro); Convenção das Bruxas (Angelica Houston ótima como sempre); Matilda (linda em papel e na telona, é o meu favorito dos livros de Dahl), Os Gremlins (clássico da minha infância gente!). Na lista para ver em casa, há James e o Pêssego Gigante (programa de férias, botar a filmografia em dia, sempre!)

O Fantástico Senhor Raposo comete algumas licenças poéticas em nome do estilo de Wes Anderson, que alguns adoram, outros odeiam. Pessoalmente, me diverte o ar blasé do diretor e suas historinhas meio nerds, que falam de desajustes familiares, amargura e toda essa coisinha pseudo deprimida da contemporaneidade. Com a minha tendência à melancolia, não minto que faço parte do grupo que gosta e se diverte com as excentricidades desse bicho peculiar que é o ser humano.

A base da história de Dahl, uma raposa malandra que passa para trás três fazendeiros malvados e mesquinhos, é o alicerce onde Wes Anderson, em animação stop motion, constrói a história de uma conturbada relação de pai e filho. Ash (o filho) e  Mr. Fox (O Senhor Raposo) vivem os conflitos típicos de um pai que é uma lenda e que projeta no filho os anseios para que continue o seu legado, mas esbarra na típica falta de jeito de um adolescente que na ânsia de agradar ao pai, se perde na própria tentativa de ter uma identidade.

Complexo para crianças, sem dúvida. Vi no cinema algumas menores de dez anos que não conseguiram prestar atenção.Wes Anderson é mais de diálogos ácidos do que de ação mirabolante. Crianças pequenas querem cores  – e o filme é todo em tons sépia e gradações de amarelo, do sol escaldante no oeste americano (Anderson é um garoto de Houston) – e correrias malucas – mas as perseguições e lutas desta adaptação lembram muito mais Era uma vez no México e Um Drink no Inferno, de Robert Rodriguez – ou seja: programa muito mais apreciado pelos mais velhos. Animação adolescente e adulta.

O livro é bem mais indicado aos pequenos do que o filme, porque Roald Dahl, definitivamente, sabia falar com crianças dos oito aos 80, sem subestimar e nem superestimar a capacidade de compreensão delas. Bem que a crítica especializada já tinha dado o alerta: é animação, é inspirado em obra infanto juvenil, mas não é para criança.

Com a meninada acima dos 10 anos, a versão de Anderson funciona direito. Nessa faixa etária, cercados das referências pop dos pais balzaquianos, plugados na internet e vivendo eles mesmos os conflitos de começo de puberdade, se identificam com o nerd Ash e com seu primo Kristopherson, uma espécie de bom menino mais popular da escola, fera em artes marciais e claro, muito admirado pelo Sr. Raposo, o que só piora a frustração do filho.

Humor ácido e inteligente. Apesar de ser dirigido por um americano, traz a fleuma britânica de Dahl.

Recomendo para quem gosta da obra desse diretor. De zero a 10, dou 8.

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Leia a reportagem sobre a obra de Roald Dahl, se quiser saber mais:

>>O fantástico mundo de Roald Dahl

>>Roald Dahl II – “Escrever é percorrer vales e montanhas”

>>Roald Dahl III – Reinvenção de Robin Hood (resenha do livro)

>>Roald Dahl IV – Livros que viraram filme

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