Resenha: Vida e paixão de Pandonar, o cruel (João Ubaldo Ribeiro)

Vida e paixão de Pandonar, o Cruel faz parte do acervo de livros infantis do meu filho (Foto: Andreia Santana/@blogmardehistorias)

Primeira incursão de João Ubaldo Ribeiro na literatura infanto-juvenil, Vida e paixão de Pandonar, o cruel, lançado em 1983, se inspira em cenas da infância do próprio autor para contar a história do primeiro amor de Geraldo, o protagonista de 14 anos, e de suas aventuras e desventuras no colégio, em Salvador.

Geraldo tem um alter-ego, Pandonar, o destemido guerreiro que sempre sabe se safar dos problemas com valentia e astúcia. Pandonar é um típico representante da ‘literatura capa e espada’, que embalou a adolescência da geração do autor.

Enquanto o adolescente é tímido e inseguro, sua versão fantasiosa é uma mistura de guerreiro-general-conquistador-herói invencível.

As referências para a imaginação fértil de Geraldo estão, além da literatura, nas produções do cinema clássico hollywoodiano que, por sua vez, adaptava muitas das histórias de capa e espada. Que o digam os filmes de Errol Flynn, ator que entre as décadas de 1930 e 1950 interpretou desde Robin Hood até piratas galãs em inúmeras produções avidamente consumidas nas matinês.

O humor de Ubaldo está presente nos diálogos impossíveis de Geraldo com os outros garotos da sua idade, todos totalmente virgens, mas bastante empenhados em parecer profundos conhecedores da arte da conquista.

Os títulos dos capítulos, em uma paródia inusitada que mistura o inglês dos faroestes com um arremedo de latim [no tempo que Ubaldo era garoto ainda se estudava latim na escola], são impagáveis.

Nascido em 1941, Ubaldo era adolescente entre meados dos anos 1950 e os anos 1960 e é esse o contexto histórico e cultural de Vida e paixão de Pandonar, o cruel.

Por conta disso, o livro tem seu charme na nostalgia de outros tempos. Mas, também tem alguns aspectos que ficaram datados, como a forma como os garotos se comportam em relação às meninas da trama.

A própria presença feminina, com exceção do papel de possíveis ‘alvos’ a serem conquistados, é mais tímida nessa história que tem o propósito principal de relembrar as estripulias dos moleques imberbes naquela fase confusa de despedida da infância.

Ficha Técnica:
Vida e paixão de Pandonar, o cruel
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Ilustrações: Ivan & Marcello
Editora: Nova fronteira, 1983
47 páginas
*R$ 9,80 + frete (livro físico, brochura, usado, no Sebo Lar)
*Na Amazon tem a edição mais recente, de 2010, da Editora Objetiva, com ilustrações de Mariana Newlands, por R$ 22,00. Também tem no Kindle, versão e-book, por R$ 22,90.

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*Lido para os desafios #50livrosate50anos e #1livroinfantilporfinaldesemana, brincadeiras que criei para comemorar meu aniversário. Em abril de 2024, eu faço 50 anos. A ideia é ler 50 livros até 30/04 e, se possível, resenhar ou fazer algum breve comentário aqui no blog e no Instagram, sobre cada um deles. Os livros infantis, a intenção é ler um a cada final de semana do ano, até dezembro. Vida e paixão de Pandonar, o cruel é o livro 40 do desafio #50livrosaté50anos; e 15 da tag #1livroinfantilporfinaldesemana

2 pensamentos sobre “Resenha: Vida e paixão de Pandonar, o cruel (João Ubaldo Ribeiro)

  1. Legal! Fiquei interessado! Eu li o A casa dos budas ditosos, de João Ubaldo Ribeiro. É o mesmo? Esse livro é bem lascivo! Conhece esse? Ubaldo escrevia de tudo!

    • João Ubaldo Ribeiro só existe um, é o mesmo autor sim. Já li quase toda a obra dele, os maravilhosos, considerados obras-primas e clássicos da literatura nacional, são Sargento Getúlio e Viva o povo brasileiro. Pandonar foi a estreia dele na literatura infanto juvenil. A casa dos budas ditosos é o único livro dele do qual não gosto, não é lascivo, na minha opinião, só pornográfico, do tipo de pornografia chinfrin. Mas tenho ele no meu acervo, faz parte da coleção plenos pecados, da editora Objetiva, autores de renome foram convidados para escrever cada um romance inspirado em um dos pecados capitais. A coleção toda é muito boa.

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