Umberto Eco fez 80 anos ontem e no Facebook, um amigo compartilhou o link de uma entrevista fantástica do escritor para a Revista Época, vale a pena ler. O autor, independente da idade, está em plena forma e não à toa é considerado um dos grandes intelectuais (vivos) do século XX. Uma confissão: nos tempos de faculdade, Eco me frustrava. Só depois de avançar nas leituras acadêmicas é que fui compreender a profundidade do seu pensamento filosófico, embora ele não se considere filósofo, e das suas obras não-ficcionais. No entanto, meu fascínio, ávida por histórias como sou, é pelo romancista. E justamente por ele unir literatura e história, com perfeição sublime.
No Brasil, as obras de Umberto Eco são publicadas pela Record. Recebi email da editora, na última quarta, lembrando o aniversário do escritor e enumerando seus livros já lançados. Antes de colocar a lista por aqui, vale divulgar alguns números. O cemitério de Praga, obra mais recente de Eco, já vendeu 91 mil exemplares no país, em pouco mais de dois meses no mercado. Em maio, a Record lança também Diário mínimo, coletânea de textos escritos inicialmente para a seção homônima da revista italiana Verri.
Agora a listinha -Além do já citado O cemitério de Praga, no Brasil foram publicados:
O nome da rosa
Não contem com o fim do livro
Vertigem das listas
História da feiúra
A misteriosa chama da rainha Loana
História da beleza
Em que crêem os que não crêem
O pêndulo de Foucault
A ilha do dia anterior
Baudolino
Lewis Carroll – Janeiro tem outro aniversariante ilustre do mundo das letras. No próximo dia 27, comemora-se os 180 anos do nascimento de Lewis Carroll. Não podia deixar de falar da coincidência quase mística que une Carroll e Eco. Ambos nasceram no mês de janeiro, com uma diferença exata de 100 anos: 1832, o pai de Alice, e 1932, o pai do Robert de Baskerville e Baudolino. Outra coincidência é que os dois são acadêmicos, Eco até hoje ensina em Bolonha e Carroll foi matemático e professor de Oxford.
Fica a dica para um pesquisador com bem mais tarimba que essa humilde blogueira traçar um paralelo entre o universo dos dois autores, se é que ninguém fez ainda. Logo de saída, sem parar para refletir muito na questão, mas seguindo a intuição de bibliofagus (traça) que já “devorou” muitos volumes desde a tenra infância, percebo que Baudolino traz aquele perfuminho de país das maravilhas.
Olá! Feliz ano novo!
Amei ver este post pq eu AMO Umberto Eco. Adoro a forma envolvente como ele escreve; a gente mergulha na história e esquece tudo mais em volta. Li O nome da rosa, O pêndulo de Foucault, mas minha paixão foi Baudolino. Nunca li Alice…mas aproveitei uma versão linda, de capa dura e como ilustrações originais e adicionei à coleção. Acho que será o próximo na lista! Sobre a associação, não tem base pra opinar a favor ou contra a semelhança entre Baudolino e Alice, mas sempre achei que Baudolino tinha um quê de Dom Quixote..que tb não li (vergonha! vergonha!) mas já ouvi falar e peguei trechos.
Bj!
Oi Nayara,
Na verdade, a estrutura narrativa de Baudolino é quixotesca sim, mas a jornada do personagem tem uma marca de nonsense, de fantástico, que me remete ao país das maravilhas também. Baudolino é um caldeirão fascinante de referências. Feliz Ano Novo para você também :)