Resenha: A cidade do vapor

Carlos Ruiz Zafón escreveu 11 contos em sua carreira literária. O autor da saga ‘O cemitério dos livros esquecidos’ morreu em 2020, mas pouco antes, havia preparado uma pequena surpresa para os fãs, reunindo essas 11 histórias curtinhas em uma coletânea [A cidade do vapor, Suma, 2021]. A ideia era essa mesma, presentear quem se encantou com sua forma cinematográfica de escrever romances com alguns ‘extras’ do universo da série ambientada em uma misteriosa biblioteca da Barcelona dos tempos da ditadura franquista.

Os contos expandem o universo da saga e são melhor apreciados por quem já navega por essas turbulentas águas onde o fantástico se une a uma declaração de amor visceral à literatura. Gostei particularmente do conto em que o protagonista é ninguém menos que Miguel de Cervantes. São bastante interessantes também as histórias que explicam a origem do ‘cemitério dos livros esquecidos’ e de alguns personagens dos romances da série original. Percorrer as sombrias ruas de Barcelona em diversas épocas distintas, como a Idade Média ou o começo do século XX é um deleite extra.

Para quem cultiva a nobre arte de procurar pistas nas leituras [somos herdeiros de Agatha Christie e de Arthur Conan Doyle], há algumas explicações curiosas para os mistérios apresentados em A sombra do vento, O jogo do Anjo, O prisioneiro do céu e em O labirinto dos espíritos, o livro final que transformou a até então trilogia em uma tetralogia.

Quando eu comecei a ler A cidade do vapor ainda não sabia que Carlos Ruiz Zafón tinha morrido no primeiro ano da pandemia de covid-19. Esse ato inicial do coronavírus foi complicado em muitos aspectos, tanto no macro quanto no micromundo onde habito e utilizo a literatura como um elixir fortificante espiritual e mental. Desde criança, aprendi a ler para entender o que acontece ao meu redor e para escapar do que sufoca. Acredito que muitos leitores é assim que funciona.

Ler esses 11 contos e chorar em cada um deles – de emoção, de alegria e de pesar também -, foi minha forma de viver com atraso o luto pela morte precoce do autor catalão que descobri graças a um amigo e de, ao mesmo tempo, celebrar as coisas bonitas que ele deixou escritas…

O exemplar que eu li:

Foi comprado na Amazon, junto com outros três livros de Záfon, um deles O príncipe da névoa, romance juvenil que o autor escreveu antes da tetralogia O cemitério dos livros esquecidos e que eu já resenhei, quando li a versão em e-book. Tive vontade de ter o livro físico e adquiri junto, também, O palácio da Meia-Noite e As luzes de Setembro, que ainda vou ler. Devo reler O príncipe da névoa e, quem sabe, ampliar a resenha [o tempo anda escasso]. Da tetralogia, li os três primeiros e resenhei O prisioneiro do céu em um texto exclusivo, porque eu sou apaixonada por Don Fermín, e A sombra do anjo e O prisioneiro do céu no mesmo texto. Ainda pretendo acrescentar ao acervo o quarto volume. De Zafón, li também Marina, outro dos romances juvenis do escritor.

Ficha Técnica:

A cidade do vapor

Autor: Carlos Ruiz Zafón

Tradução: Ari Roitman e Paulina Wacht

Editora: Suma, 2021 (1ª edição)

184 páginas

*R$ 32,44 (livro físico, Amazon) e R$ 28,99 (livro físico, Americanas)

*Pesquisa em 25/11/2022

Fotos na postagem:

Andreia Santana/@blogmardehistorias e Divulgação Editora Suma

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