“Um livro não é um clássico à toa. Autores como Homero, Cervantes, Machado de Assis não continuam sendo lidos, relidos e reeditados séculos depois porque têm uma boa assessoria de marketing. São obras que conseguem traduzir de maneira única o que está na alma das pessoas. Isso é um clássico. E o fator tempo é decisivo, porque os anos vão passando e a obra vai ficando.”
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“A literatura é um refúgio. O mundo em que vivemos é violento e difícil. E o livro me ajuda a ampliar a perspectiva da realidade. Porque a realidade não se resume a crise econômica e política ou mesmo a violência. A literatura nesse ponto, é um remédio, porque ela derruba essas paredes…”

Colin Firth vive o editor Max Perkins, responsável pela estreia literária de Thomas Wolfe (Jude Law)
Os trechos acima são da entrevista com o historiador Dante Gallian para a revista Vida Simples de fevereiro (edição 180). A conversa acompanha uma matéria sobre o projeto de clube de leitura criado por Gallian na faculdade onde é professor de História da Medicina. Ele montou grupos onde os futuros médicos são incentivados a ler e discutir obras como Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), Frankenstein (Mary Shelley) e a Odisseia, entre outras consideradas imortais.
O historiador acredita na literatura como um tipo de elixir do espirito, um remédio para curar e educar a alma, não é lindo? Daí ele cita seis obras que considera fundamentais:
*Dom Quixote de La Mancha – Miguel de Cervantes
*Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa
*Os irmãos Karamazov – Fiodor Dostoiévski
*Hamlet – William Shakespeare
*A divina comédia – Dante Alighieri
*A Odisseia – Homero
Fiquei pensando na frase “a literatura é um refúgio” e vi que para muitos autores, escrever é uma forma de exorcismo dos próprios demônios e um bálsamo para curar as dores do mundo. Lembrei disso ao assistir, nesse final de semana, ao filme de 2016 (disponível no catálogo da Netflix), chamado O mestre dos gênios (Genius, no original), que conta a história do editor Max Perkins (Colin Firth) e de sua relação conturbada e altamente criativa com o brilhante e atormentado Thomas Wolfe (Jude Law), considerado um dos romancistas mais importantes dos Estados Unidos e uma das inspirações de Jack Kerouac.
O mestre dos gênios é o filme de estreia do diretor Michael Grandage e foi roteirizado por John Logan, criador da série Penny Dreadful (inspirada nos monstros da literatura gótica de referência) e roteirista também de A invenção de Hugo Cabret, Gladiador e O aviador – a cinebiografia de Howard Hudges. O filme é ambientado entre 1929, ano da estreia literária de Wolfe, até 1938, quando o autor morreu, com apenas 38 anos.
A história é um recorte muito específico da vida e do trabalho de Max Perkins, considerado um dos maiores editores literários dos Estados Unidos e responsável por descobrir autores como o próprio Thomas Wolfe, F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway. Para quem ama literatura, o filme é um pequeno presente!