Vez ou outra aparecem na internet, nas redes sociais de amigos ou em sites afins, aqueles testes psicológicos que na década de 90 eram bastante populares nas revistas femininas. Sempre adorei fazer esses testes e raras vezes o resultado não bate com a minha personalidade. Fiz dois essa semana que, à sua maneira, falam da mesma coisa: o tempo.
O primeiro era para descobrir qual personagem eu seria, caso fosse um dos Perpétuos. Para quem não orbita muito por esse mundo dos HQs, da cultura pop ou da literatura fantástica, os Perpétuos são os sete irmãos protagonistas da saga Sandman, de Neil Gaiman: Sonho, Morte, Destino, Desespero, Desejo, Delírio e Destruição (no original, em inglês: Dream, Death, Destination, Despair, Desire, Delirium e Destruction). Eles existem desde a aurora dos tempos e por ordem de nascimento, a Morte vem logo após seu irmão Destino, sendo mais velha que Sonho e os demais.
No meu teste, se eu fosse um Perpétuo, seria justamente ela, Morte, a garota que traz no pescoço um ankh (um dos símbolos da vida). Não daria para explicar em um post, o quanto a morte carregar um sinal que significa a vida parece paradoxal. Mas uma frase da descrição do meu perfil como Morte ajuda a entender a ideia: “you truly undestand every end is a new beginning” (você realmente entende que todo fim é um novo começo).
A boa velhinha – O outro teste era para calcular a idade interna. De acordo com o teste, tenho 89 anos. Isso é lindo e não tem relação nenhuma com ser cafona, ultrapassada ou arcaica. Minha idade cronológica é 40. Em abril de 2015, farei 41 anos. A idade biológica, embora faça parte da ala GG (e nesse mundo de tanta informação e pouca compreensão sempre se imagina que quem é gordo é doente), está na casa dos 32 anos. Isso já foi calculado até pela minha dermatologista, que fica muito desapontada por eu estar bem distante da indicação ao botox. O fato de não beber, nunca ter fumado e manter hábitos saudáveis como atividade física frequente, faz com que boa parte das pessoas que me conhecem pessoalmente, duvidem das minhas quase 41 primaveras de vida.
Mas internamente, desde que me entendo por gente, me sinto uma velhinha. Não no sentido pejorativo que o ocidente dá à velhice, mas no sentido oriental. Sou antiga e amante das coisas de outros tempos, minha alma é nostálgica, saudosa do que devo ter vivido em vidas passadas. Carrego um espírito muito tocado pela ancestralidade e isso desde que era bem pequena. Saber que tenho 89 anos é tão coerente com a forma como eu encaro a maturidade, que se não fosse um teste desses banais de internet, feitos com base em conhecimentos da psicologia que estão aí postos no mundo, acreditaria que a Matrix está brincando de Deus…
O avançar do tempo não me assusta e talvez por isso tenha ficado tão encantada com os resultados das duas inocentes brincadeiras virtuais. A morte nada mais é que uma consequência do avanço do tempo. Como diz Gibreel Farishta, personagem de Os versos satânicos (Salman Rushdie), “para nascer de novo, é preciso morrer primeiro”. E muitas vezes em vida, precisamos morrer para renascer mais fortes. A morte é a natureza em seu estado de fênix. E ter 89 anos desde criança, me ajuda a aceitar e entender esse fascinante mecanismo de equilíbrio da natureza.
*Tradução: “Aliviada das ansiedades e inseguranças que impedem muitos de começar, você realmente entende que todo fim é um novo começo. Com simpatia, graça e alegria, você aproveita a vida sem se afundar na autopiedade”.
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Teste para saber qual Perpétuo você é (perguntas em inglês)
Não resisti, e fiz o teste da idade, mas parece que as alternativas não foram feitas pra mim… 31 anos (para 43, cronológicos) , pés no chão e tudo o mais?!… paciência… no outro, eu sou Despair…
obrigada (mesmo) por me fazer brincar a essa hora da vida!
beijo
eu é quem agradeço por você entrar na brincadeira, Aurea!
bjs
Sou velho desde os 12.
Bem-vindo ao clube! Rsrsrs
bjs