Em 1918, Oswald de Andrade mantinha um apartamento na rua Líbero Badaró, onde recebia importantes figuras da literatura e das artes. Na entrada do imóvel, um livro negro servia de diário coletivo, onde as visitas registravam reflexões, recados, poemas, desabafos, ideias, caricaturas, recortes, piadas, provocações, reportagens e diversas colagens, numa espécie de usina de ideias interativa e precursora dos processos de criação coletiva das redes sociais. O material desse diário, intitulado O perfeito cozinheiro das almas deste mundo, foi recentemente reeditado pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros.
A garçonnière de Oswald era frequentada por gente como Monteiro Lobato, Vicente Rao, Léo Vaz, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Ignácio da Costa Ferreira, entre outros. Cada um deles, usando pseudônimos ou o próprio nome, deixou uma contribuição no diário. O próprio Oswald fez no caderno os primeiros esboços de Miramar, personagem que ganhou livro próprio em 1924, Memórias Sentimentais de João Miramar.
Considerado um importante registro da belle époque paulistana e dos anos que antecedem a Semana de 22, que marca o advento do modernismo no Brasil, O perfeito cozinheiro… pode ser lido tanto como um romance caótico e desencontrado, quanto como um objeto de arte ou uma invenção gráfica para além do livro.
Ficha Técnica:
O perfeito cozinheiro das almas deste mundo
Autor: Oswald de Andrade
Editora: Biblioteca Azul
286 páginas
Preço: R$ 49,90