Figura histórica de Colombo passa por revisão

Recentemente lançado pela Objetiva, Colombo – As quatro viagens, do historiador Laurence Bergreen, apresenta um Cristóvão Colombo bem menos heroico e bonachão que aquele vivido por Gérard Depardieu no filme 1492. O autor pesquisou documentos e diários de Colombo, dos filhos do navegador genovês e de outros dos chamados “colonizadores” para traçar essa biografia. As conclusões dele, ao menos para quem sempre leu a história dos descobrimentos (ou das invasões, a depender do ponto de vista) com apurado senso crítico, é de que Colombo era um lunático e puxa-saco do casal Isabel de Castela e Fernando de Aragão.

Não bastasse isso, era um assassino em massa. Na conta do navegador estão o massacre de pelos menos 12 milhões de pessoas, se forem somados os genocídios cometidos por navegadores que integraram as expedições de Colombo, como Vicente Pinzón, ou que seguiram seu rastro, como o famigerado Hérnan Cortéz, que dizimou o Império Asteca em questão de meses, após enganar o imperador Montezuma, dizendo-se enviado dos deuses.

Pessoalmente, por conta de seus delírios místicos e da mania de querer converter os povos distantes à fé cristã para agradar aos reis espanhóis, Cristóvão Colombo levou mais de 50 mil nativos ao suicídio, sem contar que seus marinheiros (a tripulação toda era formada por piratas, ladrões, mendigos e outros desesperados) introduziram o alcoolismo entre as populações americanas. A pobreza endêmica dos indígenas americanos tem origem, nome e sobrenome, infelizmente.

O pior de tudo é que o navegador ainda era incompetente na função. Não entendia nada de astronavegação e muito menos tinha capacidade de jogar bem o jogo de poder, traições, assassinatos, fraudes e mentiras que moviam as peças no tabuleiro dos países europeus que se lançaram à colonização.

Embora seja considerado o maior navegador e descobridor de todos os tempos, Colombo acreditava piamente nas narrativas míticas de As Viagens de Marco Polo e morreu botando fé nelas. Ele jurava aos reis espanhóis que havia chegado à China, depois achou estar na Índia e envelheceu sem ter noção de que chegara a um novo continente.

Dá até para entender porque Américo Vespúcio, que era também tripulante de Colombo, “roubou” os créditos e batizou o novo mundo com seu nome. Vespúcio foi o primeiro a perceber que haviam chegado a um novo continente e não à Índia e, espertamente, escreveu à poderosa família Médici denunciando o erro de seu comandante.

Desacreditado, Cristóvão Colombo, que chegou a ser nomeado almirante pelos reis católicos e cumulado com terras e tesouros, morreu à míngua e seduzido por seus próprios delírios de grandeza.

Ficha Técnica:

colomboColombo – As quatro viagens

Autor – Laurence Bergreen

Tradução – Debora Landsberg e Michel Teixeira

Editora – Objetiva

552 páginas / R$ 64,90

>>Leia um trecho do livro aqui no site da Folha de São Paulo

*Com informações da edição 2308, de 19/02/14 da Istoé

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