Sigmund Freud possuía um acervo de mais de 20 mil livros em suas estantes e conta-se que desde a adolescência, gostava de tomar emprestadas falas de personagens de Shakespeare e Goethe como forma de traduzir o próprio estado de espírito. A psicanálise teria nascido da paixão de Freud por literatura e do profundo conhecimento que ele possuía da imaginação literária. As obras que leu ao longo da vida teriam ditado sua produção intelectual e personagens literários serviam para ilustrar seus estudos clínicos.
Ao menos essa é a teoria defendida no livro Freud com os Escritores, dos psicanalistas J.B. Pontalis e Edmundo Gómez Mango. Lançado no Brasil pela Três Estrelas Editora (o original saiu pela francesa Gallimard), o livro é a última produção de Pontalis, considerado um dos maiores intelectuais da França, morto em 2013.
Ao amigo Thomas Mann, Freud teria confessado a profunda inveja que sentia dos escritores, justamente pelo trabalho criativo que realizavam. No livro sobre a relação do criador da psicanálise com a literatura, além da amizade com Mann, que dedicou Doutor Fausto à ele e teria escrito Morte em Veneza sob o impacto da recém-criada psicanálise, também é citada a relação de Freud com Stefan Zweig, com quem se correspondia.
A obra traça um panorama das preferências literárias de Freud, que incluíam os já citados Mann, Shakespeare e Goethe, e mais Émile Zola e Fiódor Dostoievski. Fã de Os irmãos Karamazov, Freud considerava este livro a maior obra-prima literária da humanidade.
Ficha Técnica:
Freud com os Escritores
Autores: J.B. Pontalis e Edmundo Gómez Mango
Tradução: André Telles
Editora: Três Estrelas
304 páginas
R$ 49,90
*Fonte: reportagem na Istoé de 17 de fevereiro de 2014. Leia a versão digital