
Richard Burton e Elizabeth Taylor. Cotidiano do casal de estrelas meticulosamente narrado nos diários dele
“Afora a leitura dos meus autores modernos preferidos – Waugh, Greene, Powell, Huxley e Snow -, minha leitura de romances costuma se limitar a reler livros que li anos atrás. Mas agora de repente quero ler de novo certos livros que não me agradaram, mas que todos consideram obras-primas. Quero e vou ler Dostoiévski, Tolstói e Proust, e quero e vou ler Balzac, Dumas e Stendhal no original. {…} Minha grande alegria no momento é ler Baudelaire. É uma coisa magnífica descobrir a poesia na meia-idade. A maioria das pessoas esgota sua cota de versos antes dos 25 anos e se arranja com isso pelo resto da vida – isto é, as que têm alguma sensibilidade. {…} É um belo susto encontrar um novo mundo literário, descobrindo-o, quero dizer, com entusiasmo de estudante, na maturidade dos 46 anos completados semana que vem.”
(Richard Burton, em seu diário. O registro é datado de 5 de novembro de 1971)
*O ator britânico Richard Burton morreu aos 58 anos, em 1984. Quase 30 anos depois, seus diários, que em vida algumas revistas quiseram pagar-lhe até um milhão de dólares pelo direito de publicar apenas umas poucas páginas, foram finalmente revelados ao público em 2012, pela Yale University Press. Autodidata, filho de um carvoeiro e uma garçonete, Burton era o décimo segundo de treze irmãos. Nas páginas do diário, há desde os bastidores da fama, até a convivência com Elizabeth Taylor, com quem foi casado duas vezes e por quem tinha adoração, apesar dos altos e baixos do relacionamento. Não faltam histórias sobre as bebedeiras (dele e de outras estrelas), o jet set e as festas entre magnatas e membros da realeza (era amigo do casal real de Mônaco – leia-se Grace Kelly e Reinier), bem como os comentários ácidos sobre Hollywood, seus astros e a vida de fantasia que levavam. O mais impressionante para os estudiosos dos diários do ator é que Burton revelou-se um bibliófilo apaixonado. Mantinha uma vasta biblioteca na mansão na Suíça e nunca saía de férias sem levar dúzias de livros. Chegou a ser convidado para lecionar literatura na universidade de Oxford. E isso, sem que ele mesmo tenha frequentado a escola regular. Richard Burton, apesar do jeito fanfarrão, era culto e erudito. Adquiriu um vasto conhecimento literário e filosófico apenas devorando um livro após o outro…
**As informações do post foram coletadas em uma reportagem da Revista Piauí de Setembro de 2013. A matéria traz vários trechos interessantes dos diários de Burton. Mas no site da revista o conteúdo (até a data desta postagem) encontra-se acessível apenas para assinantes. Não consegui encontrar referências sobre se existe uma edição em português dos diários, mas fiquei com muita vontade de ler a íntegra.