“Talvez você não use as antenas que tem, talvez não queira tirar os antolhos, ou então não está disposto a admitir que às vezes “pressagia” coisas que julga serem ideias próprias.
Mas você não é o único, Steinn. Na nossa época, o que não falta é cegueira mental e indigência espiritual.
Eu, pelo contrário, sou tão ingênua que não consigo considerar uma reles casualidade o fato de nos termos encontrado na varanda daquele hotel. Creio que nessas coisas há uma espécie de orquestração. Não me pergunte como nem por quê, pois não sei. Mas não entender isso é fechar os olhos, o rei Édipo também não enxergou o que o destino lhe reservava, e quando tudo ficou óbvio para ele, sentiu tanta vergonha que furou os próprios olhos. No tocante ao seu destino, Édipo sempre foi cego.”
(Jostein Gaarder, O castelo nos Pirineus, pág 22. Companhia das Letras, 2010, RJ)