“Quero é ter uma vida interessante”

felicidade“Ligamos felicidade à satisfação de desejos, o que é totalmente antinômico com o próprio funcionamento da nossa cultura, fundada na insatisfação. Nenhum objeto pode nos satisfazer plenamente. O fato de que você pode desejar muito um homem, uma mulher, um carro, um relógio, uma joia ou uma viagem não tem relevância. No dia em que você tiver aquele homem, aquela mulher, aquele carro, aquele relógio, aquela joia ou aquela viagem, se dará conta de que está na hora de desejar outra coisa. Esse mecanismo sustenta ao mesmo tempo um sistema econômico, o capitalismo moderno, e o nosso desejo, que não se esgota nunca. Então, costumo dizer que não quero ser feliz. Quero é ter uma vida interessante”.

Mas isso inclui os pequenos prazeres?

“Inclui pequenos prazeres, mas também grandes dores. Ter uma vida interessante significa viver plenamente. Isso pressupõe poder se desesperar quando se fica sem alguma coisa que é muito importante para você. É preciso sentir plenamente as dores:  das perdas, do luto, do fracasso. Eu acho um tremendo desastre esse ideal de felicidade que tenta poupar de tudo o que é ruim”.

Para ser feliz, enfim, o segredo é não buscar a felicidade?

“Isso eu acho uma excelente ideia. A felicidade, em si, é realmente uma preocupação desnecessária”. (…)

(Contardo Calligaris em entrevista para a Cláudia de dezembro, número 12, ano 52)

3 pensamentos sobre ““Quero é ter uma vida interessante”

  1. este artigo de hoje foi feito pra mim, adorei, tenho problemas para encontrar a felicidade, e isso me ajudou a ver o que realmente a felicidade significa, e que se eu para de procura-la talvez ela apareça… muito bom o artigo de hoje

    • Oi Glênda,
      O mérito é do psicanalista Contardo Calligaris. Eu apenas reproduzi aqui no blog um trechinho da entrevista que Contardo deu à revista Cláudia de dezembro. Recomendo que você busque a revista com a entrevista na íntegra, pois tem bem mais coisas bacanas. Abraços!

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