Alguns dias de nau à deriva, ocupada com os perrengues da vida real, com as multi-tarefas da rotina em uma redação, com as insensatas demarcações de território nos bastidores da notícia. Reflito sobre o jornalismo, a vida, crises de egocentria (as minhas e dos outros) e recordo um poema de António Nobre e também lembro de Brás Cubas… porque no fim fica tudo mesmo é para os vermes!
Vaidade, Tudo Vaidade!
Vaidade, meu amor, tudo vaidade!
Ouve: quando eu, um dia, for alguém,
Tuas amigas ter-te-ão amizade,
(Se isso é amizade) mais do que, hoje, têm.
Vaidade é o luxo, a gloria, a caridade,
Tudo vaidade! E, se pensares bem,
Verás, perdoa-me esta crueldade,
Que é uma vaidade o amor de tua mãe…
Vaidade! Um dia, foi-se-me a Fortuna
E eu vi-me só no mar com minha escuna,
E ninguem me valeu na tempestade!
Hoje, já voltam com seu ar composto,
Mas eu, ve lá! eu volto-lhes o rosto…
E isto em mim não será uma vaidade?
(António Nobre)
do que será que nos cabe nesse butim? vaidosos citamos augusto dos anjos, brás cubas… medrosos (ainda que não reconhecidos), reconhecemo-nos carne aos vermes) no fundo, no fundo… a vontade (meta) seria… a eternidade do pó ou a efemeridade da digestão dos vermes?