“…e acabaram-se os dentes de madeira”

lobo-uivando-na-floresta-65010“- Digam-me o que fazer, deuses – rezou.

Por um longo momento não se ouviu nenhum som além do vento, da água e do ranger de folhas e galhos. E então, de muito, muito longe, para lá do bosque sagrado e das torres assombradas e das imensas muralhas de pedra de Harrenhal, de algum lugar no mundo, veio o longo uivo solitário de um lobo. A pele de Arya arrepiou-se, e por um instante sentiu-se tonta. Então, muito tenuamente, pareceu ouvir a voz do pai.

– Quando as neves caem e os ventos brancos sopram, o lobo solitário morre, mas a matilha sobrevive – ele disse.

– Mas não há matilha – ela sussurou ao represeiro. Bran e Rickon estavam mortos, os Lannister tinham Sansa, Jon tinha ido para a Muralha. – Já nem sequer sou eu, sou Nan.

– Você é Arya de Winterfell, filha do Norte. Disse-me que podia ser forte. Tem o sangue do lobo.

– O sangue do lobo – Arya agora lembrava-se. – Serei tão forte como Robb, foi o que disse que seria – inspirou profundamente, depois ergueu o cabo da vassoura com ambas as mãos e abaixou-o contra o joelho. Quebrou-se com um sonoro crac e ela atirou os pedaços fora. Sou um lobo gigante, e acabaram-se os dentes de madeira.”

(George R. R. Martin, As crônicas de gelo e fogo – Livro dois – A fúria dos reis, pág. 579 Editora LeYa, 2011, São Paulo – SP)

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