Resenha: Uma porta para um quarto escuro (Antonio Cestaro)

Ciranda de palavras para desvendar a alma

Ilustrações de Amanda Rodrigues Cestaro marcam a passagem de uma crônica para outra

Uma porta para um quarto escuro, livro de estreia do músico e editor Antonio Cestaro, 47, publicado pela Editora Tordesilhas, é apresentado como uma coletânea de crônicas, mas as palavras do autor se vestem de conto e de prosa poética para seduzir leitores ávidos por delicadeza. O texto de Cestaro remete à poesia de Manoel de Barros, pela mesma capacidade de falar bonito das coisas mais simples e de brincar de ciranda com emoções e lembranças.

A condição humana é o pretexto do autor para relembrar fatos da infância e juventude e para filosofar sobre a condição do escritor, visto também como o pastor de um rebanho de sentimentos evocados pelas palavras.

O prefácio da obra é assinado por Márcia Lígia Guidin, membro da comissão organizadora do Prêmio Jabuti, e essa apresentação já cria uma atmosfera que prepara o leitor para um passeio onírico pela alma de Cestaro e de sua geração.

Já o projeto gráfico, desde a capa, em forma de uma porta de madeira antiga, até as ilustrações feitas por Amanda Rodrigues Cestaro, filha do autor e estudante de Design, amplia a riqueza de sensações despertadas pelas micro-histórias do livro.

Uma porta para um quarto escuro retira seu nome de uma das crônicas reunidas em 88 páginas de leitura fluída e ao mesmo tempo sem pressa. Este não é um livro para maratonas de um só fôlego, mas para percorrer devagar, ir e voltar, refletir e reler.

Os textos, embora escritos com uma linguagem coloquial, revelam a sedução de um espírito de grande erudição. E apesar de alguns parecerem minúsculos, são extremamente profundos, do tipo que despertam reminiscências e mexem na caixa de guardados da memória e das saudades.

Ficha Técnica:

Uma porta para um quarto escuro

Antonio Cestaro

Editora Tordesilhas

88 páginas

Preço: R$ 32,00

*Resenha também publicada em Luz sobre a escrivaninha.

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