“Seja sempre assim”… mas mude!

“Seja sempre a pessoa que eu conheço”. Um desafio! Ser a mesma pessoa, que tenta manter a lucidez, a coerência e preservar valores que embora digam que andam em desuso no mundo, ainda valem a pena; mas também mudar. Dá para entender? As mudanças importantes são aquelas que fazem evoluir mas sem abrir mão da essência. A frase ficou com cara de autoajuda, mas não conheço outra forma de dizer coisas assim. Mudar é uma forma de dar-se a chance de recomeçar, é perdoar-se, ou perdoar os outros, para seguir em frente sem mágoas, buscando fazer/ser melhor para si mesmo e para os semelhantes. Mas manter-se fiel a si mesmo é o que torna uma mudança algo significativo e não apenas uma vontade da boca para fora. Para ser fiel a si mesmo, acredito, é preciso não permitir que a essência se perca ou se altere.

>>Mudar sempre não é o mesmo que instabilidade

Pode parecer meio confuso e até contraditório permanecer o mesmo e ainda assim, permitir-se mudar. Mas não é tão difícil de entender. Todos temos nossa bússola interna, moldada pela educação recebida, por tudo o que a vida nos deu e nos tirou, pelas conquistas e fracassos, por quem entrou, saiu ou foi posto para fora da nossa vida, pelo que construímos ou destruímos. Nossos acertos estimulam, mas os erros ensinam. Ao longo dos anos, até podemos descartar algumas coisas recebidas da educação na infância e que não fazem sentido na vida adulta. Com a maturidade nos tornamos mais críticos e capazes de discernir o que nos serve daquilo que nos faz mal.

Cada dia humano nessa terra é de aprendizado e nossos mestres somos nós mesmos, além de mestres uns dos outros, creio nisso. Acredito ainda que todos aprendemos alguma coisa, alguns de forma mais sofrida, outros com mais leveza, uns depressa, outros em um compasso lento; mas algum registro sempre fica e desse aprendizado é que vamos modelando as mudanças, umas sutis, outras drásticas, necessárias à evolução.

A matéria-prima original é que é a mesma. Pode até ser disfarçada por camadas de coisas úteis ou fúteis que vamos juntando vida afora, mas a “essência” permanece ali. Muda a forma que damos a essa matéria com o passar dos anos e das trocas de aprender-ensinar e novas camadas somam-se às já existentes; mas ainda assim, o núcleo primordial permanece.

Podemos deixar de acreditar em coisas que acreditávamos, ou passar a acreditar naquilo que antes gerava dúvida; ou parar de defender coisas que defendíamos antes; ou ainda incorporar novas bandeiras; até mesmo desistir de ter bandeiras. Cada um tem seu caminho, seja ele em linha reta ou cheio de curvas.

O importante é termos em mente que as mudanças vão acontecer, seja porque queremos ou porque precisamos, porque provocamos ou porque as circunstâncias exigiram. E a cada mudança, seremos sempre os mesmos, só que melhorados.

Ao menos, é o que se espera…

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