“- E qual é o seu tipo? O do Evaristo?
– Nao, Deus me livre! De tanto se olhar no espelho, ele vai gastar. Homem que leva mais tempo do que eu se arrumando me dá aflição, sei lá. Gosto deles um pouco brutos, como é que vou dizer? E sei muito bem que Fermín não é bonito, bonito do jeito que se fala. Mas eu acho ele bonito e gostoso. E muito homem. E no final, é isso que conta, que seja bom e que seja de verdade. E que você possa agarrar bastante numa noite de inverno para tirar o frio do corpo.
Bea sorriu, concordando.
– Amém. Mas um passarinho me contou que você gosta mesmo é do Cary Grant.
Bernarda ficou toda vermelha.
– E a senhora, não? Não para casar, hein, que esse daí se apaixonou no dia em que se viu pela primeira vez no espelho. Mas cá entre nós, e que Deus me perdoe, para um bom amasso não ía achar nada mau…
– O que Fermín diria se ouvisse uma coisa dessas, Bernarda?
– O que sempre diz: “No final, fica tudo para os vermes…”
(Carlos Ruiz Zafón, O prisioneiro do Céu, pág. 218. Ed. Suma de Letras, 2011, RJ)
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Zafón é sensacional!
Apaixonei totalmente por ele, Bruno!