Seu passado NÃO te condena

“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tem só duas datas – a de minha nascença e a de minha morte. Entre uma e outra, todos os dias são meus”.

A citação do poeta português Fernando Pessoa, que abre o post, é uma das minhas favoritas. Trouxe para cá como abre alas porque esta semana, conversando com uma amiga, ela me perguntou sobre o que eu achava dos homens que monitoram o passado afetivo das atuais parceiras com a minúcia de um legista. Antes de responder à minha amiga, ou de acatar a sugestão dela de trazer o que penso sobre o assunto para o blog, enfatizo que não são apenas os homens que agem assim, existem mulheres que também tem uma curiosidade mórbida pelas ex do atual namorado ou marido.

Existe, a meu ver, uma diferença entre a patrulha feminina e a masculina, mas a base das duas é uma só: insegurança. No caso das mulheres, é o medo de perder o amado para uma recaída, ou, o ciúme dos relacionamentos anteriores. Isso, sem falar nos casos em que existe de fato uma interferência da ex na relação, mas não é sempre que isso acontece e boa parte das vezes, já vi mulheres armarem cenas desnecessárias apenas porque o parceiro manteve a amizade com a ex, embora o interesse afetivo tenha terminado. Revelar tanta insegurança não vai manter seu parceiro fielmente ao seu lado, vai afastá-lo, acredito muito nisso.

No caso dos homens, a insegurança, creio, é motivada primeiro por uma competição que, embora possa ocorrer nas mulheres também, é mais típica dos machos: será que ela está me comparando com o outro? quem é melhor na cama, eu ou ele? Além disso, a possessividade, a ideia que a maioria dos homens tem de ser proprietário – e não parceiro – das mulheres com quem mantém relacionamentos, acaba levando a situações desagradáveis e até humilhantes, como por exemplo, perguntar aos conhecidos dela sobre os ex-relacionamentos da atual parceira.

O cúmulo para mim dessa situação é quando um homem que se interessa por uma mulher e deseja cortejá-la, começa a fazer uma investigação paralela, não para descobrir se ela está atualmente comprometida, o que poderia inviabilizar a tentativa de conquista; mas para saber com quantos ela esteve antes! O que na cabecinha desse tipo de homem com certeza deve ditar quanto essa moça vale, em termos morais. Nojento! De homens assim, embora não goste de dar conselhos, mas lá vai um, mantenham distância, porque um homem capaz de julgar uma mulher pelo número de parceiros afetivos – ou sexuais – que ela já teve na vida, não merece a atenção dela.

O passado de cada pessoa só a ela pertence e por isso gosto tanto da frase de Fernando Pessoa. Não importa quantos relacionamentos você (seja homem ou mulher) viveu antes do atual, com quantos dormiu ou deixou de dormir, a sua vida afetiva pertence a você! Não permita que nenhum parceiro (a) ou candidato (a) a relacionamento te faça sentir mal pelas suas experiências anteriores.

O seu passado NÃO te condena. Todos temos o direito de experimentar, de errar, de cometer equivocos em um relacionamento, porque cada relacionamento é único, cada parceiro (a) vai mexer com a gente de uma forma específica e vai provocar uma determinada reação. Todos já fomos inexperientes um dia e devido a isso, já cometemos falhas que hoje, olhando para trás, talvez nos faça refletir que seria tudo diferente, se houvesse uma forma de voltar no tempo. Mas isso, é você com a sua consciência. Ninguém tem o direito de mexer nas suas feridas, se você assim não permitir.

Aos legistas de plantão, lamento por vocês. Porque ao vasculhar os ex-amores dos seus atuais parceiros (as) vocês estão esquecendo o mais importante em um relacionamento, que é viver o presente e construir um futuro; estão deixando de mostrar suas qualidades ao tentar comparações com quem já ficou lá no passado; estão perdendo a chance de se envolver com alguém muito bacana, que até pode ser a sua tão sonhada alma gêmea, por preconceito e por julgamentos morais mesquinhos.

Pensem nisso. Deixem o passado alheio no lugar ao qual pertence, as memórias do dono.

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