Um bom retrato da Geração Y
O jornalista Marcelo Carneiro da Cunha, embora pela idade, pertença à geração dos migrantes digitais, está bastante à vontade em meio aos nativos. Ao menos, a impressão é esta ao ler Super, seu mais recente livro juvenil. Escrito na linguagem rápida e descolada dos hiper conectados, Super é um divertido panorama da Geração Y e dos conflitos que, com maior ou menor dramaticidade, se instala entre pais na faixa dos 35 aos 40/45 e filhos entre 13 e 16 anos.
O livro conta a história de um adolescente tão genial com computadores quanto Artemis Fowl, personagem da série homônima do irlandês Eoin Colfer. A diferença é que enquanto Fowl é um criminoso herdeiro de um clã de mafiosos, o brasileiro André é só um hacker em busca de diversão. Ele e sua turma invadem sistemas como uma forma de protesto, para assinalar com suas bandeirinhas que não fazem parte do “Sistema”.
Tudo vai bem nesse mundo digi de André, com desafios entre grupos hackers mundo afora, até o surgimento de um ciber policial igualmente fera em computadores e que adota métodos nada ortodoxos de combate ao cibercrime…
Recheado de referências da cultura pop e ciberpunk, além de citações incríveis a Matrix, André é fã de Neuromancer, o livro ícone de William Gibson, Super, no entanto, não trata a questão da segurança virtual de forma leviana. Sem ser moralista e sem passar sermão na “galera”, o autor mostra as diferenças entre criminosos digitais e garotos espertos. E de forma leve, conscientiza sobre as consequências de cada ato. Invadir sistemas – mesmo quando não se pretende roubar nada – é um ato ilegal e como tal, gera uma punição e desencadeia uma série de acontecimentos imprevisíveis. De certa forma, a obra fala sobre maturidade, sobre ser capaz de responder pelos próprios atos.
De maneira muito consciente, Marcelo Carneiro da Cunha faz uma leitura crítica dos preconceitos dos adultos que acham que os filhos vão encontrar um pedófilo em cada esquina da web e acreditam que proibindo o acesso estarão protegendo as crias, mas também não alivia para o lado dos pais indiferentes e indolentes, que sequer sabem o que os filhos fazem na rede, sequer sabem também o que fazem fora dela. Tampouco passa a mão na cabeça da moçada que pratica ciberbullying, muitas vezes para chamar a atenção dessas famílias indiferentes e omissas.
O desconforto de André no mundo log (de analógico) rende as sacadas mais irônicas e engraçadas da obra e de certa forma, mostra que, de um jeito ou de outro, sentir-se inadequado é um dos ritos de passagem da adolescência. Permeando toda a saladinha digital muito bem temperada pelo escritor, há ainda uma linda história de amor e um final daqueles de virada, para leitores que gostam de um mistério para solucionar.
Recomendo!
Ficha Técnica:
Autor: Marcelo Carneiro da Cunha
Editora: Grupo Record / Galera
304 páginas
Preço: 37,90
*Leia um trecho da obra aqui.
Não conhecia este autor e nem este livro.
De Artemis Fowl eu também só ouvi falar.
Valeu.
Jacques, quadrinófilo, cinéfilo, 38 anos, 3 sobrinhos e um blog onde a briga de foice pega de tempos em tempos.
Valeu.
Oi Jacques,
Recomendo que leia a saga de Artemis Fowl, é bem interessante! Abs e obrigada pela visita ao blog
De nada, Andreia.
Eu ouvi dizer que Artemis Fowl estava sendo cogitada para substituir Harry Potter no cinema, mas não sei se é verdade.
Estou lendo o primeiro livro das Crônicas de Gelo e Fogo (a mini-série arrasadora do momento) e estou gostando bastante; a série eu ainda não assisti.
Sites que eu indico por pertencerem à pessoas admiráveis:
http://amansim.blogspot.com/
http://anaceciliaromeu.blogspot.com/
http://barbaranonato.wordpress.com/
http://no-presente.blogspot.com/
Até a próxima.
Oi Jacques, obrigada pelos links, vou visitá-los! Quanto a Artemis Fowl, não creio que precise ser o novo “Harry Potter” do cinema, tem fôlego para render filmes muito interessantes, se achar um diretor competente e criativo na adaptação. Li as duas sagas e gosto bastante das duas, cada uma no seu estilo e elas são bem diferentes. Mas ambas valem muito a pena. Bjos