O motorista cantava Djavan a plenos pulmões

O motorista tinha uma voz linda. Cantava Djavan a plenos pulmões e com tanto empenho que contagiou metade dos passageiros convertidos em audiência. Cantei junto. Primeiro porque gosto de Djavan e depois porque adoro a música que estava no repertório do single bus driver da Vila Laura. Essa música me deixa meio nostálgica. Aliás, Djavan me deixa meio nostálgica, o que não é propriamente mérito do artista, sou uma “velhinha” desde criança. E música sempre me fala de memórias tão antigas, como se pertencessem a uma outra vida. Com essa especificamente, viajo eras em direção a um passado que não sei nem se vivi de fato, ou se apenas sonhei.  Acredito que o motorista do ônibus estava tão entretido no dueto com Djavan, que tocava em um radinho de pilha sobre o painel, que nem percebeu quando começou a cantoria. O refrão dessa música é chicletinho, gruda na cabeça até de quem não costuma decorar letras. Só sei que, em determinado trecho da viagem, o dueto tinha virado coro. Esses momentos raros, que até parecem saídos de um musical antigo (e de repente todo mundo começa a cantar, surgem bailarinos dançando na rua e tal) me encantam muito. E nem sinto falta de uma câmera para registrar a cena e “eternizar” no Youtube. Nem tudo é Big Brother na vida e, certas memórias, de tão delicadas, merecem esvanecer e confundir-se com sonhos.

Ah, falar em São Youtube das Lembranças Necessárias, catei aqui a música de Djavan que alegrou meu começo de tarde de sexta-feira. Divirtam-se e cantem junto, não tem ninguém filmando!