Filmes da Semana – com meses de atraso

Desde que mudei de turno para cuidar da cobertura das Eleições 201o, minha filmografia atrasou mais que o normal. O título do post, inclusive, devia ser Filmes do Mês ou então, Filmes do Trimestre. Mas, vá lá que mantenho o mesmo nome por costume… Abaixo, o que andei vendo nos últimos dias (ops, de maio para cá).

Foi apenas um sonho (Sam Mendes, 2008) – O filme traz a dupla Kate Winslet e Leonardo DiCaprio formando par romântico 11 anos depois de Titanic, o que por si só gerou grande expectativa nos fãs. Pessoalmente, acredito que o blockbuster de James Cameron não é nem de longe o melhor papel de nenhum dos dois. Par romântico é só pró-forma, porque de fato, neste filme, a dupla vive um jovem casal em crise no casamento e duas pessoas em crise existencial. April (Winslet) é uma aspirante a atriz que decide brincar de casinha mas não se adapta ao american way of life (o filme é ambientado nos anos 50). Sente-se aprisionada ao papel de mãe (nitidamente sofre de depressão pós-parto e ciclotimia), odeia a hipocrisia dos vizinhos e, em certos momentos, incorpora o desespero de um pássaro exuberante que teve as asas cortadas, como se alguém tentasse conter um tufão em um cubículo. Seu marido, Frank (DiCaprio), é um ex-soldado que serviu na II Guerra, vangloria-se de ter visitado Paris e passou a vida tentando ser diferente do pai classe média, só para descobrir que no fim das contas, havia se tornado o mesmo funcionário frustrado, da mesma grande companhia onde o pai trabalhou até a morte. O filme é um réquiem. Começa com a dupla tentando encontrar uma solução para o casamento e um novo rumo para suas vidas, mas no desenrolar da trama, percebemos que a união deles é tão frágil quanto o equilíbrio de um castelo de cartas. Na medida em que as limitações pessoais dos dois vão aparecendo e as tentativas de reconciliação dão em nada, vai-se desenhando para o espectador um painel de profundo desencanto. Não é um filme otimista e nem traz mensagem de esperança. Antes, deixa um travo amargo na boca e um misto de revolta e resignação na alma. Nota 9

Patton (Franklin J. Schaffner, 1970) – Sempre tinha ouvido falar em Patton mas nunca tinha assistido. Sensacional é pouco para descrever essa cinebiografia do general norte-americano George S. Patton, que liderou o 3º Exército dos EUA durante a II Guerra. O roteiro tem participação de Francis Ford Copolla e o elenco é um espetáculo a parte. Me apaixonei totalmente pela interpretação inspirada do ator George S. Scott (que vive o papel título). O filme é de um grande lirismo e bastante erudito (de cultura clássica como o próprio general retratado), embora seja ambientado em uma guerra tão sangrenta. Longo, no melhor estilo de um épico, tem momentos de fina ironia e humor, mesclados com outros bastante dramáticos. Recomendo. Nota 10 com medalhas e galões!

O caçador de pipas (Marc Forster, 2007) – Tenho o livro de Khaled Hosseini, que já havia lido bem antes de assistir a versão em filme. Gostei da adaptação da obra para o cinema, é correta e fiel ao original, embora exclua algumas passagens importantes e especialmente dramáticas do livro. No conjunto, é uma versão muito digna. Os atores que vivem os personagens principais na infância, Hassan e Amir, são duas pequenas joias orientais (e muito fofos também). O Amir criança é infinitamente mais talentoso que sua versão adulta. O filme é ingênuo (bem mais ingênuo que o livro), triste e doce. Me lembra outro da safra de 2007 e que também mostra a dor e o mundo insensato dos adultos pelos olhos de uma criança (O menino do pijama listrado, também inspirado em livro homônimo). Vale a pena ser visto e vale ainda a leitura do livro de Hosseini. Nota 9.

A princesa e o sapo (Ron Clements e John Musker, 2009) – A retomada das animações clássicas da Disney, em 2D, (quebrando um pouco da rotina de produção maravilhosa estabelecida através da parceria e depois incorporação da Pixar) não poderia ser mais divertida, nostálgica e encantadora do que este desenho animado ambientado na gastronômica e musical Nova Orleans. O mérito vai muito além de ter a primeira heroína negra, a primeira princesa afro descendente, da história do estúdio. O filminho é um deleite, a trilha sonora uma gostosura à parte e a mensagem passada ao final comove crianças e adultos. A Disney é meio pieguinhas, admito, mas os contos de fadas existem é para isso mesmo. Apaixonada também fiquei pelo principe Navin (bon vivant dos mais charmosos, até mesmo na versão anfíbia) e pela certinha, caxias e cri-cri Thiana, uma princesa atípica, porque não fica esperando ser salva e sabe muito bem onde quer chegar. Nota 10 com gosto de infância!

Encantada (Kevin Lima, 2007) – Outro de princesa e também da Disney. Mas nesse caso, é uma mistura de contos de fadas com chick lit que é agradável, levinho, tem momentos bem divertidos e serve para entreter numa noite de domingo modorrenta. Amy Adams está muito engraçada no papel da princesa Gisele, que por artes de uma bruxa que deve ser gêmea daquela que envenenou a Branca de Neve, vai esbarrar em Nova Iorque e acaba resgatada por um pai solteiro (Patrick Dempsey) e sua filhotinha muito bochechuda e lindinha.  O filme segue a linha vamos nos auto homenagear, faz referências à tradição de animações com as princesas Disney, todas por sua vez, inspiradas nos contos de Grimm, Perrault e cia, daí a semelhança entre as bruxas, mas nem por isso é ruim. De quebra, tem a sempre boa de ver Susan Sarandon vivendo a madrasta má da história. Nota 8 e um pouco de humor desencanado, que a vida é feita disso também.

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3 pensamentos sobre “Filmes da Semana – com meses de atraso

  1. Andreia,
    Perfeita sua análise do filme Foi apenas um sonho. O filme é bem angustiante mesmo, mas muito bem-feito. O casal de atores (amigos na vida real) tem uma sintonia perfeita. Gostei muito.

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