“Natividad”

” – Não temam, vejam, trago notícias que vos trarão imensa alegria, e a todos que vos cercam. Pois hoje, na cidade de David, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor.  – Em seguida, ele pairou em silêncio por um segundo, esperando sua mensagem ser absorvida.

Josué descobriu o rosto e arriscou uma olhadela no anjo.

– Então? – perguntou o anjo.

Levei um segundo para digerir o significado daquelas palavras e esperei que Josué dissesse alguma coisa, mas ele voltara o rosto para o céu e parecia regozijar-se na luz, com um sorriso tolo estampado na cara.

Por fim, apontei o dedão em direção a Josué e disse:

– Ele nasceu na cidade de David.

– Jura? – perguntou o anjo.

– Ahã.

– O nome da mãe dele é Maria?

– Ahã.

– Ela é virgem?

– Ele agora tem quatro irmãos e irmãs, mas em determinado momento, ela era sim.

O anjo olhou em volta, nervoso, como se esperasse que um exército de outros anjos aparecesse a qualquer momento.

– Quantos anos você tem, garoto?

Josué apenas o encarava, sorrindo.

– Ele tem dez.

O anjo pigarreou e andou em círculos, inquieto, descendo alguns centímetros em direção ao chão ao fazer isso.

– Estou com um problemão. Parei pra conversar com Miguel no caminho pra cá e ele tinha um baralho. Sabia que tinha passado algum tempo, mas… – Virando-se para Josué, perguntou: – Garoto, você nasceu num estábulo? Foi enrolado em panos e deitado numa manjedoura?

Josué não disse nada.

– É isso o que a mãe dele conta. – falei.

– Ele é retardado?

– Acredito que você seja o primeiro anjo dele. Ele está impressionado, acho.

– E você?

– Estou com problema porque vou chegar atrasado uma hora pro jantar.

– Entendo o que quer dizer. É melhor eu voltar e verificar isso. Se você vir alguns pastores cuidando de seus rebanhos à noite, poderia dizer a eles… ai, diga a eles… que em algum momento, provavelmente, ah… mais ou menos dez anos atrás, nasceu o Salvador?  Poderia fazer isso por mim?

– Claro.

Tchudo bem. Glória a Deus nas alturas. Paz na Terra aos homens de boa vontade.

– O mesmo pra você.”

(Christopher Moore in O Cordeiro, Ed. Bertrand do Brasil, pp. 53 a 55; 2008, RJ)

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