De novo a TPM “mal na fita”

Olha só o selinho que a turma do site http://www.rexonateens.com.br criou para a TPM

Tenho um amigo que adora provocar meu lado militante feminista. Vira e mexe, ele dá uma cutucada na onça com vara curta. O tema da sua mais recente provocação é a TPM (Tensão Pré-Menstrual). Na nossa última conversa, lá veio ele com suas teorias provocativas. Segundo esse meu amigo, que aliás é leitor do blog e com certeza deve estar rindo do post neste exato momento, as mulheres usam a TPM como desculpa para diversas atitudes que, na opinião dele, só servem para irritar os homens. Traduzindo: o bonito acha que pelo menos 50% do que se diz sobre a síndrome é mito e não passa de chantagem feminina! Confesso que minha primeira reação foi uma vontade enorme de socar o nariz do meu amigo. Mas a conversa era online. Além disso, uma reação agressiva demonstraria descontrole emocional, uma das alardeadas consequências da TPM (epa!!). Melhor pensar em outra coisa mais civilizada…

A primeira coisa que preciso esclarecer para o meu amigo e para outros rapazes que leem o blog é que TPM não é chantagem emocional. A síndrome existe de fato, é cientificamente comprovada e é um transtorno para quem sofre na carne. Existem casos tão extremos de TPM que incapacitam a mulher para o trabalho e a vida social, o que nos deixa em desvantagem neste mercado competitivo e é, infelizmente, usado como desculpa pelas empresas na hora de contratar. Uma característica biológica das fêmeas, menstruar, acaba sendo usada como desculpa para segregar as mulheres!

Hoje em dia, depois de décadas de luta, ocorre bem menos do que no passado, mas o fato de parirmos, menstruarmos e termos TPM ainda é tabu para a tão sonhada equiparação salarial entre os sexos. O que considero uma tremenda covardia e injustiça! Principalmente porque nossa “suposta desvantagem biológica” favorece a própria perpetuação da espécie. Ninguém está pedindo tratamento especial por isso, mas respeito na diferença seria bom. E que ela não seja usada para nos diminuir, melhor ainda! Se fossem os homens a menstruar, parir e ter TPM, duvidam que a vantagem mudaria de lado?

Ao invés de brincar com o assunto ou “sacanear” as amigas e namoradas, dizendo que a TPM não passa de frescura, vale mais a pena tentar entender o que acontece de fato com as mulheres nesta fase do mês. E aqui, acabei dando lição de moral ao meu querido amigo (que quando não está fazendo piadinha besta é uma boa pessoa). Combinamos que pouparia seu nome, até porque, ele tem mulher, irmãs e uma filha de 15 anos, além de mãe e tias. Ele concordou: “Vai lá, pode expor minha ignorância no seu blog”.

Não é para tanto. A intenção não é humilhar, mas esclarecer. Concordo que, tanto quanto os homens, existem sim mulheres capazes de mentir ou aumentar um fato. Isso  é inerente a todos os sexos e a qualquer orientação sexual. Mas vale lembrar que dor é algo muito particular e cada corpo sente em uma intensidade, então, não dá para sair por aí dizendo que TPM é frescura ou chantagem!

Não sou médica, portanto, preciso de ajuda especializada para as explicações técnicas. Mas sou mulher e tenho também os meus dias de TPM todo mês, daí o interesse tanto em entender quanto em ajudar a esclarecer os homens, como o meu amigo, que caçoam e/ou usam essa situação para rebaixar as mulheres.

*Explicando a TPM para as meninas e, principalmente, os meninos:

Já essa imagem aqui, “traduzindo a TPM”, está no site da Fiocruz: http://www.fiocruz.com.br

Uma vez por mês cerca de 80% das mulheres tem TPM em maior ou menor grau, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Na definição da ginecologista Nara Mattia, a TPM constitui-se em um “conjunto de sinais e sintomas que aparecem na segunda fase do ciclo menstrual e cessam completamente até o final da menstruação. Ainda não se sabe o motivo exato ou a razão de casos mais graves. O que se sabe é que existe uma combinação de fatores como: genética, alimentação, fatores psicológicos e alterações hormonais. Os sintomas podem durar de 2 a 15 dias (dependendo de cada mulher)“.

Ainda segundo a especialista, os sintomas se agrupam em cinco tipos específicos que indicam ao especialista qual hormônio pode estar envolvido no problema. Ou seja, para tratar a TPM, se ela for do tipo que atrapalha muito a vida social, emocional e produtiva da mulher, a recomendação é conversar com um ginecologista, para que o profissional identifique o tipo correto e possa prescrever tratamento. O mais importante é que, atualmente, existe tratamento. Cura é impossível, uma vez que a TPM faz parte do ciclo menstrual, mas amenizar os transtornos já ajuda um bocado.

OS CINCO TIPOS DE TPM SEGUNDO A DRª NAIRA MATTIA:

TPM do Tipo A (ANSIEDADE) – O sintoma principal é a ansiedade. Porém, podem aparecer a agressividade, irritabilidade, tensão nervosa e aquela sensação de estar “no limite”.

TPM do Tipo H (HÍDRICO) – prepondera à retenção hídrica. Neste tipo, são comuns alterações físicas, como o inchaço, volume no abdômen, dores mamárias e ganho de peso.

TPM do Tipo C (CARBOIDRATO) -a cefaleia (dor de cabeça) destaca-se entre os demais sintomas. Pode também, apresentar a fadiga e o aumento de apetite (principalmente os doces).

TPM do Tipo D (DEPRESSÃO) – está associada à insônia, ao choro fácil, ao desânimo e ao esquecimento.

TPM do Tipo M (MISTA) – apresenta vários dos sintomas anteriores e outros sinais como gastrointestinais, acne, ou dores nas costas.

Para cada um desses tipos, alerta a especialista, existe um tratamento que vai ser feito, a depender do caso, à base de medicamentos (vitaminas, hormônios, analgésico e até anti depressivo nos casos extremos). Além disso, é necessário mudar a alimentação, a depender do tipo de TPM (“para cada um dos tipos de Síndrome Pré-Menstrual, uma dieta específica“); praticar exercícios físicos; manter a hidratação; repousar; e, principalmente, reconhecer os sintomas. O controle dos sentimentos é outro fator importante e com toda certeza, funciona melhor em dupla.

Que tal se, ao invés de entrar em discussões desnecessárias com a companheira ou então perder a paciência com ela nos momentos de fragilidade da TPM, vocês parceiros (as), pesquisarem mais o assunto e darem uma ajudinha para a moça?

Outra ceninha “típica”, dessa vez do Planet In: http://www.planetin.blogspot.com

“Na saúde e na doença, até que a morte os separe”. Os casados certamente conhecem estas palavras. Pois então, compreensão é tudo o que a gente quer nesse momento. Não precisa nos tratar como bebês e nem permitir que a gente cometa todo tipo de ato insano apenas porque estamos de TPM, bom-senso é importante e cada casal certamente vai saber encontrar o equilíbrio. Uma coisa é certa, ficar criticando, fazendo piadinha ou apontando os defeitos não surte efeito nenhum. Aliás surte, ajuda a piorar as coisas.

TPM é uma fase de fragilidade emocional e física. Quando estamos frágeis, queremos é ajuda. E a dica vale não apenas para relacionamentos de casal, mas para amigos e familiares. De vez em quando é dose, eu sei, é preciso paciência de monge budista, mas quem sabe, ao mostrar-se compreensivos, nossos amigos, familiares e amores nos ajudem a vencer o monstro da TPM e até a nos conscientizar de que embora nossos hormônios assumam o comando uma vez por mês, somos nós e não essas substâncias que nos governam? Boa parte das vezes, basta deixar a menina lá, quieta com suas dores, para ela se acalmar e reencontrar o eixo.

O mais importante é ter em mente que ter TPM não diminui as mulheres perante os homens e nem perante as outras mulheres que sofrem menos com o problema. A síndrome também não é atestado de incapacidade laboral e mental. Quem ainda usa isso como desculpa é por puro preconceito e ignorância.

*As informações técnicas sobre definição da TPM, descrição dos tipos e tratamentos usados neste post, foram retiradas de material elaborado pela ginecologista Nara Mattia.

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