Relendo o texto que escrevi para a apresentação do Mar de Histórias, lá nos idos de 2008/2009, quando o blog foi criado, percebo que hoje, em 2022, eu jamais teria criado uma página na internet com o nome de Bala no Alvo (embora esse seja o nome do cavalo fofinho do Cowboy Woody em Toy Store). Nos últimos anos, qualquer coisa relacionada a balas, tiros, bancada da bala (deputados que defendem a liberação das armas), é entristecedor e amargo em um país como o Brasil, onde tantos jovens são perdidos para a violência ano após ano. Quando pensei em Bala no Alvo para o meu antigo blog era como uma metáfora para a assertividade, a precisão em acertar o xis de uma questão. Mas, mais velha e experiente do que quando comecei a escrever na internet, nem essa assertividade toda me atrai, ultimamente. A vida é inconstância, tenho aprendido ao longo dos anos, e mesmo nossa forma de abordar determinados assuntos precisa ter algum espaço de manobra, manejabilidade, capacidade de se expandir e abarcar os conhecimentos novos que adquirimos desde quando postamos um texto pela primeira vez, a lucidez de rever conceitos, de aprofundar as experiências, a honestidade - e o direito - de mudar de ideia quando a antiga não era bacana. Me autoedito muito, porque acho esclarecedor e terapêutico voltar atrás e rever o que precisa de revisão. Somos work in progress até a morte... #blogmardehistorias
Meu primeiro contato com os contos de Edgar Allan Poe ocorreu a partir de uma publicação avulsa, dessas comuns em bancas de revista, de Os Assassinatos da Rua Morgue, quando eu tinha entre 12 e 13 anos. Na sequência, li Histórias Extraordinárias, também nesse esquema de brochuras baratinhas. Na adolescência, fui apresentada ao chevalier Dupin, o personagem que investiga os misteriosos crimes da rua Morgue, em Paris, e que protagoniza outras duas histórias de Poe. Revisitar o francês dublê de detetive mais de 30 anos depois e ver que as suas brilhantes deduções ainda me instigam é só um brinde extra dessa edição belíssima de Contos de Imaginação e Mistério (Tordesilhas, 2012).