Três “zapeadas” de férias

Vi três filmes na TV neste primeiro fim de semana de férias. Não se tratam de obras-primas da sétima arte e muito menos de filmes complexos, para pensar. Antes, encaixam-se no rótulo (para quem gosta de rótulos) entretenimento. Em meio a diversas opções, escolhi aleatoriamente, experimentei. O saldo poderia ter sido melhor, mas divido com quem tiver interesse:

A noite dos monstros – comédia

Trata-se de um desses filmes para a tv, feitos bem no estilo estúdios Disney, na melhor nostalgia sessão da tarde dos anos 90. Vi em plena sexta-feira santa, não estava no clima para a Paixão de Cristo e me joguei numa sessão pipoca com o meu filhote. Refestelados no sofá, demos boas risadas dos efeitos especiais tosquinhos e do roteiro muito simplório, do tipo: adolescente e os irmãos menores vão morar numa cidade que tem uma antiga escola onde os professores são esquisitos e o diretor, uma criatura sinistra, busca a imortalidade a partir de uma certa magia que tem de ser praticada na noite do Halloween. Claro que uma visitinha ao cemitério, com direito a uma hilária paródia da clássica dança dos zumbis em Thriller, não poderia faltar.

De zero a dez, vale seis pelo filme e dez pelo prazer de compartilhar a experiência com Snaky Theu.

Ficha técnica:

A noite dos monstros – Monster Night

EUA, 2006, 88 min, livre

Direção:  Leslie Allen, Lorenzo Doumani

Elenco:  Taylor Dooley, Jake Thomas, Matthew Lawrence, Nikki Griffin, Robert Carradine…

Sete Vidas – drama

Lembro que quando estreou no cinema, em 2008, Sete Vidas, com Will Smith, fez muitos amigos e conhecidos chorarem e teve um bom desempenho de crítica. Sabe lá deus o que eu estava fazendo que não fui assistir na telona. Daí, saiu na locadora e eu também não aluguei. Mas, neste fim de semana, o filme foi um dos eleitos na minha “sessão zapping”, em pleno domingo de Páscoa. Sim, no domingo eu já estava no clima para emoções. Will Smith está muito bem no papel, gosto do ator e a história é bonita, delicada. Fala de sentimento de culpa, desejo de reparação e solidariedade, além de mostrar uma crença meio ingênua do protagonista  de que neste mundo existem pessoas acima de falhas. Por ser uma produção hollywoodiana, poderia ser bem mais piegas, mas não é, ainda bem, gosto de drama, mas pieguice cansa. Não é o melhor filme do gênero, mas também não é o pior. Vale a pena para quem gosta do estilo. Eu choro vendo dramas, sempre, então pelo meu medidor de snifs (fungadas) diria que alcança nota oito. Uma das cenas que considero melhor é a do começo, Will Smith e Woody Harrelson, que vive um atendente de telemarketing cego, discutem ao telefone. Na verdade, o personagem de Smith (Ben Thomas) está histérico do outro lado da linha, enquanto Ezra, o de Woody Harrelson (outro ator que gosto), se esforça para acalmar o cliente raivoso. A crueldade do primeiro e a profunda decepção do segundo  ao ouvir barbaridades ao telefone, para mim traduzem toda a história, é a síntese desta singela produção.

Ficha técnica:

Sete Vidas – Seven Pounds

EUA, 2008, 118 min, 10 anos

Direção: Gabriele Muccino

Elenco: Will Smith, Rosario Dawson, Woody Harrelson e Barry Pepper

Sombras – suspense

O que mais me chamou a atenção neste filme foi a procedência: um suspense vindo direto da Macedônia. Heim?! Isso, Macedônia. O filme conta a história de um jovem residente de medicina, Lasar Perkov, que sobrevive a um acidente de trânsito e acaba assombrado por espíritos que cobram dele uma promessa e o pagamento de uma dívida de família. Enquanto tenta entender as mudanças em sua vida após o trauma do acidente, inclusive  o distanciamento da esposa e a superproteção da mãe, também médica, Lasar (Lucky como é chamado em família) lida sozinho com os fantasmas, os de dentro e os de fora, num limite muito tênue entre loucura e sanidade. Não posso contar mais nada da sinopse, porque senão tira o doce da boca de quem pretende assistir. Vi nesta segunda-feira à noite. Achei muito interessante, gosto de experimentar cinema para além das fronteiras americanas, claro, e sempre tenho gratas surpresas. Este filme de suspense em questão não tem efeitos especiais de última geração e nem interpretação exagerada dos atores, não tem sangue jorrando em profusão e nem gritos histéricos. Ao contrário, a câmera, a narrativa, a atuação, tudo muito contido, muito poético, com aquele sabor de cinema experimental, mas sem ser cabeção ou pseudointelectual. Os mortos e os vivos são tratados de acordo com as crenças e superstições deste quase desconhecido país dos Balcãs, um dos que surgiram na década de 90, após a queda da Ioguslávia comunista. É a paisagem, o nascer e o por do sol, que marca a relação humana com o sobrenatural. Realmente lindo. Para quem gosta de cinema europeu da nova geração, o filme é de 2007, vale a pena. No meu ranking pessoal: nove.

Ficha técnica:

Sombras – Shadows (Senki)

Macedônia, 2007, 120 minutos, 12 anos

Direção: Milcho Manchevski

Elenco: Borce Nacev, Vesna Stanojevska, Sabina Ajrula, Salaetin Bilal, Ratka Radmanovic…


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