Patrícia sabe que ele está fazendo jogo. É assim desde que se conheceram, uns cinco anos atrás. Ela, apaixonadíssima, dando a maior bandeira. E ele fingindo que não sabe, dando uma cordinha aqui, recolhendo o laço acolá. No começo ela achou que fosse timidez, depois, indecisão, por fim, desconfiou até que ele era gay, mas um amigo em comum, que entende do babado, descartou logo essa hipótese. Trocaram uns dois beijos apressados uma vez. Deixaram na boca de Patrícia aquele gosto de “quero mais” misturado com “só isso, cadê o resto?” Mas ele é indecifrável. É isso que irrita tanto Patrícia, ela não consegue desvendar o que é que ele quer. Está jogando um jogo que desconhece as regras e, cansada de tantas idas e vindas, já pensa em abandonar a partida…