De tanto evitar compromissos sociais, por preguiça pura, Maria descobriu que toda vez que ela queria realmente sair, se programava, escolhia a roupa mais confortável, tomava banho e se enchia da água de colônia preferida, acontecia algum imprevisto e ela ficava presa em casa. Apesar da descrença em superstições, após tantas pequenas tragédias domésticas impedirem os passeios exporádicos de Maria, ela começou a acreditar piamente na Lei de Murphy. Ficou paranóica e temia marcar qualquer coisa, até um chopp após o expediente, com medo de cair e quebrar a perna descendo as escadas do prédio de escritórios onde trabalhava. Sem coragem para planejar, jogou-se no improviso e agarrou-se à aventura de não saber o que lhe reserva o dia de amanhã.