Uma crônica sobre o cartão chave de cadeia (ops! chave de segurança)

Todo mundo que é cliente do banco B tem um bendito cartão chamado “chave de segurança”, que na verdade é um pedaço de plástico com 70 combinações numéricas diferentes que devem ser digitadas antes da senha, como se já não fosse pedir demais ao coitado do correntista que lembre os seis dígitos da senha!

E olha que o dinheiro guardado no banco é do correntista, na teoria pelo menos. Pois bem, eu sou a correntista em questão. Peguei meu cartão do banco B, fui para a fila do caixa eletrônico, que estava tão grande quanto a fila dentro da agência, aquela convencional, para ser atendida por um caixa sorridente (tá bom, nem sempre eles são sorridentes!).

Meia hora ouvindo Buena Vista Social Club na fila (adoro música cubana) e chega minha vez de usar a maquininha (do caixa eletrônico). Coloco o cartão da conta corrente e a máquina pede a senha da chave de segurança. Prontamente, digito a bendita. E a máquina me dá a seguinte mensagem: “Prezado cliente, seu cartão chave de segurança expirou, um novo cartão foi enviado à sua residência”. Genial! Eu exclamo (na verdade exclamei um palavrão também, mas não é de bom tom botar palavrão em blog).

Na minha residência, de onde eu tinha acabado de sair antes de ir ao banco, não tinha chegado cartão nenhum. Eu ligo para a agência, antes respiro fundo umas dez vezes, e explico para a atendente do outro lado da linha que não recebi o cartão novo. Pergunto também, de uma forma muito educada (juro!) como eles podem cancelar um cartão antes do cliente ativar o outro? Tento-a fazer entender que a lógica seria: o cliente recebe o cartão novo, ativa na primeira vez que for usar e, imediatamente, o velho deixa de valer. Seria muito mais simples do que cancelar sem avisar e deixar o cliente cheio de contas para pagar sem poder acessar o próprio dinheiro!!

Ela me explica um monte de coisas que só servem para reforçar minha teoria de que a lógica desapareceu deste mundinho cão. Obviamente, os afetados por esse tipo de problema técnico são os clientes do banco B que pertencem ao ramo popular da instituição (leia-se, tanto os assalariados de fato, que sacam seus 465,00 “na boca do caixa”, quanto os trabalhadores que recebem um pouco mais que o salário mínimo, mas não têm cheque especial e nem cartão de crédito e que precisam muito usar o cartão da conta corrente aberta pela empresa privada onde trabalham e que, quando dá um perrengue desses no cartão, a vida desse trabalhador se embanana toda, principalmente quando as contas estão na data do vencimento e elas sempre estão. A lei de Murphy é implacável).

Para os clientes prime, a ala vip, esse tipo de transtorno é um ilustre desconhecido. Primeiro, porque os cartões de crédito resolvem tudo. Segundo, porque um telefonema vai esbarrar direto na mesa do gerente mais top de linha do banco B e não na mão da atendente de telemarketing que, coitada, não tem culpa de nada, mas imperdoavelmente nunca tem a informação que você precisa. Enquanto o gerente prime se derrete todo durante o atendimento ao cliente super class top não sei das quantas, eu, você e outros plebeus, esperamos na fila de uma agência, mais de 50 minutos, para pegar ao vivo o cartão que o Correio não entregou em tempo. Com a greve dos funcionários da ECT decretada nesta quarta à noite, com certeza outros clientes que fazem parte da ralé irão ficar sem as suas senhas chave de cadeia (ops!, de segurança).

Lógico que a minha intenção aqui não é reclamar dos clientes vip. Se eles podem usar todo o conforto de um atendimeno classe A, que usem. O que me irrita é a segregação e o extremismo da coisa: ou você tem cacife para ser classe A ou pegue sua fila e não reclame!

Infelizmente, com a onda de violência crescente, formato tsumani, que assola esta cidade, não posso fazer como vovô e enterrar a botija no quintal; e nem como vovó: guardar as cédulas costuradas sob o colchão.

E a crônica? Só serve como catarse do meu dia perdido. Três madrugadas lendo um texto para discussão em sala de aula e não pude ir à faculdade porque passei minha tarde em uma agência bancária.

Como diria Hardy Ha Ha, a hiena: “ooh céus, ooh vida, oohh azar”… e eu acrescento: oooh pobreza!

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