Esqueçam as glamourosas cenas de Rita Hayworth e Audrey Hepburn ostentanto longas piteiras e olhares sedutores nos clássicos de Hollywood. Cigarro não tem nada de glamour. A intenção do post não é ser moralista, mas fazer um alerta. Neste domingo, Dia Mundial Anti-tabagismo, entro na campanha: Abaixo aos cigarros!

Audrey Hepburn seria uma bonequinha muito mais luxuosa sem a piteira
Uma vez, quando era adolescente, comentei com um amigo que se ele continuasse fumando, chegaria aos 30 anos com aparência de 50. Nós tinhamos 16 e na ocasião, ele já era uma chaminé. A resposta que recebi foi bem malcriada, ele disse que cada um tinha o direito de escolher a forma como gostaria de morrer. Ainda hoje, tantos anos depois, fico horrorizada que alguém na flor da idade diga uma barbaridade dessas para justificar um vício. Sim meus caros, porque não é novidade que a nicotina é uma droga, tão lícita quanto o álcool, tão nociva quanto a lista das ilícitas.
Hoje, aos 35 anos, meu amigo luta para deixar o vício do cigarro. Já parou e voltou algumas vezes. Comemoramos agora o fato de que ele está há dez meses sem fumar. Engraçado é que apesar do pouco tempo, ele me conta que sente-se menos cansado. Eu, que o vi outro dia num shopping, gostei do aspecto da pele. Sem contar que, agora, nós, seus amigos, não precisamos mais ser fumantes passivos em rodas de bate-papo e muito menos sentir aquele cheiro desagradável de cigarro que impregna a pele, os cabelos, as roupas, o estofamento do carro.

Rita Heyworth. Cigarro ajudava na composição da fatal Gilda
Minha mãe foi fumante por muito anos. Era do tipo que ia para a cama com o cigarro aceso. Parou em 1981, quando meu avô, outra chaminezinha, morreu de efizema pulmonar. Meu pai parou logo depois. Os dois nunca tiveram recaídas. Outros membros da família foram abandonando o cigarro, uns porque perceberam que a saúde já não era mais a mesma, outros porque doeu no bolso. Gente, sinceramente, com o perdão do chavão, mas cigarro é queimar dinheiro!
Fumar não distrai, destroi!
Quando era criança, na minha casa havia um livro com um título muito chamativo na capa: Fumar não distrai, destrói. Não lembro quem era o autor, era um americano. A foto na capa era de um homem vestido ao estilo Humfrey Bogart, segurava um cigarro entre os dedos. Dentro, havia fotos medonhas e descrições ainda piores do efeito do cigarro no organismo. As imagens eram tão assustadoras quanto as que enfeitam as carteiras de cigarro de hoje em dia.
Segundo o Ministério da Saúde, as publicidades de gente morrendo de câncer do pulmão, boca e laringe devido ao cigarro surtem efeito em mais de 30% dos fumantes. Outros porém, mais renitentes, como um velho jornalista que conheço, colocam uma tarja de papel branco para esconder as imagens. A tarja até esconde a foto na carteira, mas a tosse seca que o persegue há anos, anuncia que por dentro, pulmões e outros órgãos exibem um quadro muito parecido com os que o MS tanto quer mostrar.
Já vi gente reclamando das propagandas exageradas do Ministério da Saúde. Dizendo que são deprimentes e catastróficas, sensacionalistas. Até concordo que em algumas situações eles exageram e que para algumas pessoas, o efeito pode até ser o contrário, estimular ao consumo das substâncias nocivas. O que pessoalmente acho uma bobagem. Nunca entendo os que fazem o estilo “sou rebelde porque o mundo quis assim”. Até porque, certos atos de rebeldia não afetam necessariamente ao mundo, mas a própria pessoa.
Particularmente, acho o cigarro uma das coisas mais deselegantes que já inventaram. E olha que sou cinéfila apaixonada pelos clássicos, por suas belas e atormentadas divas e pelos galãs desequilibrados, mas não consigo ver beleza em algo que cheira tão mal. Audrey e Rita seriam mais belas sem as piteiras.
Imagino como deve ser sofrido namorar um fumante… Beijar boca de cigarro? Muito desagradável. Dormir com alguém cheirando a cigarro? Pior ainda. A casa inteira do fumante é impregnada de cheiro de fumaça e das outras substâncias tóxicas que compõem o cigarro. E são centenas, em um único cilindro de poucos centímetros. Bombinha relógio. Sem falar que não tem sabão que dê jeito nas roupas. Nem um EUA de Toillete de Dolce & Gabana tira a inhaca da pele.
Os números sobre tabagismo, que levam a adoção de medidas como as propagandas alarmistas dos órgãos de saúde, não tem nada de irreais. Ao contrário, são mesmo assustadores. Segundo o INCA, estima-se que cerca de 200.000 mortes/ano no Brasil são decorrentes do tabagismo. É muita gente! Mais de 22% da população do país é de fumantes. E somos um país de cerca de 180 milhões de pessoas! No mundo todo, há pelo menos um bilhão de fumantes. Epidemia global, classifica a OMS.
Tabagismo é doença, assim como o alcoolismo ou a dependência química. Cigarro, na maioria dos casos, é muleta. Para esconder a timidez, para compensar uma baixa da autoestima. Está aí um ato de rebeldia que custa caro ao fumante, mas que também afeta o sistema de saúde. Quem paga a conta do SUS somos nós, com os 147 dias de trabalho anuais que servem só para cobrir impostos.
Admito que o lobby da indústria do cigarro é feroz. Mas tenho pena dos fumantes que caem como patinhos naquela conversa de que fumar é estiloso. Certos comerciais são patéticos. Quero ver um fumante de verdade ter fôlego para fazer metade do que os modelos de rosto sorridente conseguem fazer nos comerciais de TV. Andar a cavalo, correr, praticar skate, surf, rapel?! Com que pulmão? Conheço fumantes que mal sobem uma escadinha!
Para terminar, Mar de Histórias adverte: Cigarro é fora de moda!
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Leia também:
>>Guia da Saúde esclarece o tabagismo e orienta quem quer parar de fumar
>>Secretaria de Saúde da Bahia tem programa anti-tabagismo
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Dica cultural:
Assista ao filme Obrigado por Fumar. Conta a história de um homem que trabalha como lobista para a indústria do cigarro, pensando em todas aquelas estratégias que dizem minimizar os riscos do hábito para a saúde e o meio ambiente. Só que, ao perceber que o próprio filho está se interessando por cigarros e por seu trabalho de manipulação da verdade, o lobista revê seus conceitos.
Alguém já percebeu letras e números que aparecem no cigarro enquanto ele queima?