Do alto dos seus 86 ou 87 anos de vida, José Saramago se dá ao luxo de criticar quem ele quiser, inclusive Charles Chaplin, um dos meus ídolos, assim como o próprio escritor português. No entanto, nem é uma crítica, é uma constatação. Me surpreendo em perceber que outros – e Saramago é um outro de peso – também viram algo que só eu imaginava estar vendo e que tinha vergonha de confessar porque quando não temos a idade de Saramago, certas verdades são inconfessáveis: Chaplin não fazia filmes para rir, mas para chorar. Talvez por essa tristeza incontida e pela trágica poesia humana revelada em preto e branco nos seus filmes, o ame tanto. Eis o texto de José Saramago sobre Charlot, como o ator e diretor é chamado na França e em Portugal.
P.S.: Uma notícia boa lá dos bastidores do Festival de Cannes: o “rei da comédia”, Jerry Lewis vai voltar a filmar depois de 23 anos.