As mil e uma aventuras do príncipe Rajá – XIII

XIII – O aprendiz da feiticeira

A jibóia Hamida dormia enroscada em uma árvore. Estava bem mais gorda do que Rajá lembrava. Ao tocar a pele da cobra, ela virou a cabeça e fixou os olhos muito brilhantes no menino. Após reconhecer o dono, deslizou pelo seu braço, até enrolar-se na cintura do garoto. Rajá cambaleou para trás, a cobra estava realmente muito mais pesada do que ele conseguia carregar. “Não aperte muito minha amiga, ou você vai quebrar os meus ossos”, pensava enquanto levava Hamida para a sala de visitas, na casa da feiticeira Ishstar.

A moça de cabelos vermelhos, olhos verdes profundos como as árvores da Floresta Sem Fim e que, apesar de ter o mesmo cheiro de sândalo e alfazema da rainha Isdora, era mais jovem, mais alta e “muito mais bonita”- Rajá se envergonhava em pensar – que a rainha da Cidade de Ouro e Prata, aguardava o menino, sentada sobre um tapete dourado.

Rajá entrou e depositou Hamida em um cesto de vime, onde a jibóia se enroscou e voltou a dormir, como se fosse um cachorrinho de estimação. Diante da feiticeira, sobre o tapete dourado, havia algumas pedras negras que ela explicou ao seu aprendiz, chamavam-se runas e serviam para prever o futuro. “Mas as runas não dão respostas exatas Rajá, você precisará aprender a interpretá-las para encontrar o que precisa”.

O príncipe suspirou e revirou os olhos. Na Cidade de Ouro e prata, disse à feiticeira, havia homens e mulheres muito mais velhos que ela que sabiam ler as runas. Se era para aprender algo tão elementar, ele não precisaria deixar o conforto do seu reino, se aventurar dias e dias por uma floresta muito perigosa para encontrar a casa da feiticeira.

-Rajá, – disse pacientemente Ishstar – se você deseja ser meu aprendiz, primeiro, terá de esquecer que é um príncipe que mora em um palácio de ouro e prata; segundo, terá de aprender a obedecer e; terceiro, precisará esquecer completamente os rudimentos de magia que aquele seu tio perverso andou lhe ensinando. Agora, levante-se, guarde as runas naquela sacola de couro ali ao lado do cesto de Hamida e venha comigo.

O menino levantou-se de má vontade, guardou as pedras e seguiu a feiticeira para uma clareira na floresta. O príncipe se perguntava como ela sabia que Islamal havia ensinado alguns truques mágicos para ele…

Continua no próximo post

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Leia os outros capítulos da história:

>>Capítulo I: A cidade de ouro e prata
>>Capítulo II: A vida doce dentro das muralhas
>>Capítulo III: Uma gaiola dourada e um passarinho triste
>>Capítulo IV: O sinistro mago Islamal
>>Capítulo V: O pedido de Rajá
>>Capítulo VI: O plano de Islamal
>>Capítulo VII: Aprendiz de hipnotizador
>>Entre capítulos: Carta de Rajá aos pais
>>Capítulo VIII: A Floresta Sem Fim
>>Capítulo IX: A língua universal
>>Capítulo X: A feiticeira da lua crescente
>>Capítulo XI: O rei destronado (parte 1)
>>Capítulo XI: O rei destronado (parte 2)
>>Capítulo XI: O rei destronado (final)
>>Capítulo XII: A rainha prisioneira
>>Capítulo XII: A rainha prisioneira (parte 2)
>>Capítulo XII: A rainha prisioneira (parte 3)
>>Capítulo XII: A rainha prisioneira (final)

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3 pensamentos sobre “As mil e uma aventuras do príncipe Rajá – XIII

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