O título da postagem está meio esquisito: “Queria ter padrinhos mágicos”. Parece que quero ser apadrinhada por alguém, que estou à cata de um pistolão ou do famoso QI (Quem Indica) no país do jeitinho. Mas não é isso, não quero um padrinho como D. Corleone, que mande matar meus inimigos, muito menos quero um padrinho político desses que gravitam em torno do palácio de Ondina, ou do palácio do Planalto.
Quero padrinhos mágicos de verdade. Fadas como aquelas do desenho animado. Cosmo, que é meio boboca, mas tem o coração do tamanho da magia contida na sua varinha, e Wanda, pragmática, organizada, tão responsável e preocupada como só a mãe da gente sabe ser.
Se eu tivesse os tais padrinhos mágicos, pediria a eles um único desejo: o de fazer as pessoas escutarem umas às outras. Me pergunto se a humanidade já se deu conta de quantos mal-entendidos, quantos problemas, até guerras seriam evitadas, se o simples ato de ouvir fosse resgatado de sob as camadas de decibéis que nos soterram diariamente.
Creio que não sou a primeira, nem a última, pessoa a escrever sobre a incapacidade humana de compreender e de ouvir.
Acredito até que nem sempre dê para ouvir tudo, que há dias que não temos paciência para explicações longas demais, mas ao exigir que todos tenham respostas imediatas na ponta da língua, impede-se que o ser humano exerça a capacidade de refletir. É justamente a reflexão que intercede a nosso favor naqueles momentos em que a vontade é chutar o pau da barraca. Refletir não é nada mais nada menos do que conhecer a relação causa e efeito de cada ato praticado nesse mundinho lastimável, mas que para os otimistas, ainda tem salvação.
Há casos em que explicações não bastam para apagar o que está feito, mas há também momentos em que o simples ato de doar cinco minutos do seu tempo para ouvir alguém pode fazer a diferença entre a justiça e o seu oposto.
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Escrevi o post acima em julho do ano passado. Na ocasião, precisava muito de cinco minutos. Ainda preciso, mas as pessoas que gravitam ao meu redor, mantêm-se surdas como portas fechadas.