Certas vendedoras são um amor, mas perdem a noção de realidade quando o negócio é garantir comissão e vender roupa para uma moça gorda. Eu sou a moça gorda e sei que deve haver outras gordas e gordos lendo o post. Graças aos céus, além do excesso de peso e autoconfiança suficientes, tenho também consciência dos meus quilos a mais. E sim, vivo muito bem com eles!
Um vestido lindo de morrer que não cai bem no meu corpo, continua sendo lindo de morrer, mas não serve para mim. Uma blusa de corte esplêndido, mas com botões que parecem o Farol da Barra, de tão grandes, também não serve. Os botões chamam mais atenção que o resto da roupa e ajudam a aumentar o volume justo na região do abdômen. Vamos ser gordas, mas com classe!

Quem dera fosse a Magali, que come de tudo e não engorda um grama…
Sou chata, como quase todo mundo no mundo que é chato de alguma forma. E que coisa chata seria o mundo se nós, meros mortais, não tivéssemos as nossas manias. Tenho uma amiga, por exemplo, que é chata com comida. Não gosta de praticamente nada. Não morre de fome graças a Deus, aos paulistas e aos astecas. Da terra, o Criador fez a batata, o arroz e as vacas; os paulistas criaram o bife, com arroz e fritas, e os astecas entraram com a sobremesa: chocolate.
Já eu, sou chata com roupa. Muito chata. A roupa tem de ficar confortável, tem de ter a cor certa, tem de ter o caimento certo, tem de mostrar que sou gorda, porque eu sou mesmo. Mas sem apelar, nada de ficar sobrando para todos os lados.
A solução para não reclamar mais das vendedoras que tentam a todo custo empurrar uma roupa que visivelmente não ficou legal é transferir as reclamações para o professor de ginástica. O negócio é entrar na academia e arrumar um personal trainer daqueles que dá vontade de você xingar até a oitava geração, toda vez que ele exagerar na série de abdominais. Mas que, justamente por se parecer com um sargento do exército, te ilude e faz você pensar que ficará linda feito a Gisele Bündchen. O ser humano adora uma ilusão.
…mas me pareço mais com a gordinha da Mônica, embora seja bem mais alta!
Falando sério, o importante é a consciência de que ele (o personal) está fazendo isso para o seu bem. Se você repetir isso umas 50 vezes por dia, pode acabar convencida. Tem gente que acredita piamente que morar numa academia resolve todos os problemas, os estéticos pelo menos. E eu admiro as pessoas disciplinadas, que conseguem malhar todo dia. As obsessivas eu olho com uma certa pena. Mas é fantástico ter disciplina, zelar pela própria saúde, blá, blá, blá…
Para os indisciplinados, como eu e a torcida do Flamengo, ao menos a ala GG da torcida, a solução é viver feliz com as calorias em excesso, desde que elas não invadam as artérias e sempre, sempre mesmo, procurar vendedoras que saibam ganhar sua comissão sem empurrar vestidos muitos apertados para cima das pessoas, ora essa!
O plano b, de bom, é fechar a boca, mas só um pouquinho. O suficiente para evitar o AVC e a falência do sistema cardiorrespiratório. Dieta ou ginástica não podem virar uma obsessão a ponto de gerar mau-humor. Já repararam que muitas pessoas que fazem dieta radical acabam meio mal-humoradas? Longe de mim perder a capacidade de rir de mim mesma e de reclamar do vestido que era lindo de morrer, mas não entrou.