Um filme que assisti no ano passado e trouxe reminiscências, me marcou fundo e falou à minha alma é Ao Entardecer. Escrevi sobre ele na ocasião: A ficção, em determinados momentos, provoca nas nossas vidas certas reflexões que parecem simples, óbvias, mas que a velocidade e a dureza do dia-a-dia não nos permite ter esse tempo contemplativo, de olhar para dentro de nós mesmas. O filme “Ao Entardecer” é um belíssimo exemplo do poder da arte (no caso, o cinema), em traduzir a alma humana.
Dirigido pelo húngaro Lajos Koltai, o filme é contado a partir do ponto de vista feminino, mas os sentimentos abordados na trama não se reduzem ao ‘universo das mulheres’. O filme é baseado no livro homônimo da escritora norte-americana Susan Minot e traz no elenco as atrizes Meryl Streep, Glenn Close, Toni Collette, Vanessa Redgrave, Claire Danes e Natasha Richardson, todas muito bem nos seus papéis, embora Meryl Streep merecesse mais tempo de cena.
Algo que chama a atenção no filme é como o diretor conseguiu extrair dessas mulheres geniais, que nunca estiveram todas reunidas antes em uma mesma película (sem deixar de esquecer algumas pequenas parcerias como Glenn Close e Meryl Streep em A Casa dos Espíritos, que me deixam sem fôlego até hoje) uma total intimidade e cumplicidade na tela, como se todas fossem de fato, mães e filhas, amigas intimas e confidentes de uma vida inteira umas das outras.
A trama tem como elemento chave o crepúsculo, essa hora do dia que tanto nos fascina e assusta. Há quem fique melancólico com a ‘morte do dia’, há os que captam a poesia do pôr-do-sol e o ciclo da renovação que começa outra vez, e mais outra, infinitamente.
Ao Entardecer capta, como poucas vezes vi no cinema, a encantadora simplicidade do crepúsculo. A morte, não do dia, mas da personagem principal (vivida por Vanessa Redgrave na maturidade), marca o recomeço e a redescoberta da esperança para aqueles que, como uma das filhas da protagonista, perdeu a capacidade de acreditar em si mesma, na vida, no amor em uma dimensão maior que aquele dos casais.
A fotografia é comovente. As cenas delicadas e de uma força arrebatadora. Dizer que o filme faz refletir é chavão, mas ele faz. Deixa uma marca indelével e profunda, daquelas que só as nossas recordações mais caras conseguem deixar. Diante de Ao Entardecer, perdemos o medo de encarar o passado, deixamos de ansiar desesperadamente pelo futuro e encontramos a serenidade necessária para viver.
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nao precisa ter medo
de nada, voce so precisa
ter medo e so pensar
em coisas legais e
ser feliz.
eu tambem tinha
medo so que perdi sempre eu pensava em coisas
boas e consigui perder o medo de tudo
istefani