Da Série Migrações
Me vejo no espelho
não sei o que vejo
meu rosto redondo,
afinou…
e sobre minha boca
não sei que coisa é
se penugem, bigode?
miragem…
Minhas pernas roliças
agora tão compridas…
Olho embaixo do braço
e até dentro da cueca
nos lugares engraçados
não têm pelos ainda!
Não me sinto mais bebê
mas tampouco sou grande
minha mãe me chama:
– meu menino!
mas também me cobra
– rapazinho…
Não me apertem as bochechas
mas não tirem meu colinho
Minha tia, de gozação
diz: – é só o começo…
Vou riscar o calendário
rasgar páginas de agenda
Oh Seu Tempo, dê um tempo!
Deixe-me aproveitar mais
esses meus onze anos.
Para Matheus