Nicholas Era…
Mais velho que o pecado e sua barba não podia ficar mais branca. Ele queria morrer. Os anões nativos das cavernas do Ártico não falavam sua língua, mas chilreavam na deles e realizavam rituais incompreensíveis quando não estavam trabalhando nas fábricas. Uma vez por ano, forçavam-no, aos prantos e sob protestos, pela Noite Sem Fim. Durante a jornada, permaneceria ao lado de cada criança do mundo, deixando um dos presentes invisíveis dos anões ao pé da cama. As crianças dormiam, congeladas no tempo. Ele invejava Prometeu, Loki, Sísifo e Judas. Seu castigo era mais sombrio.
Ho.
Ho.
Ho.
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Esse microconto natalino totalmente sombrio do escritor britânico Neil Gaiman, que eu amo (o conto e o autor), faz parte da coletânea Fumaça e Espelhos, lançada no Brasil em 2004, pela Via Lettera. A foto que ilustra o post é um print do vídeo abaixo, que encontrei no Youtube, na página Sandman Brasil: uma pequena animação sobre o castigo eterno de Noel, que ilustra uma leitura em inglês da historinha.
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